Em função da falta e da demora na realização de testes, os números reais de mortos e infectados pelo novo coronavírus, no Brasil, são muito maiores do que aqueles apresentados pelas estatísticas oficiais. O mesmo vem ocorrendo com os índices que medem o desemprego. Desde o início do ano, o governo não divulga os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), atribuindo às empresas a falta de informações prestadas.
Na falta dos dados oficiais, os números do seguro-desemprego apontam que pelo menos 5 milhões de trabalhadores formais tiveram seus empregos afetados desde o início da pandemia.
Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, Pelo menos 1 milhão de pessoas foram demitidas. Outros 4,3 milhões de trabalhadores formais tiveram o contrato suspenso ou jornadas e salários reduzidos por até três meses.
Para o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior, mesmo os dados do seguro-desemprego podem estar subestimados. E apontam para a falta de ação devida do Estado no combate aos efeitos econômicos da pandemia. Segundo ele, a estabilidade no emprego durante a crise foi garantida apenas formalmente. Na prática, as empresas continuam demitindo, pagando a multa estabelecida pela Medida Provisória (MP) 936.
Tempestade perfeita
O avanço no número de mortos pela covid-19, somado aos seus efeitos econômicos, agravados ainda pela crise política alimentada pelo próprio governo Bolsonaro, configuram uma “tempestade perfeita”. As principais vítimas do desastre são os trabalhadores informais e os que ganham menos.
“Do ponto de vista bem objetivo, estamos perdendo pessoas, que estão morrendo, e estamos destruindo empregos. E, muito provavelmente, a gente comece a ver a destruição de empresas. Se o Estado não se mover, no sentido de mitigar minimamente as perdas em relação à pandemia, esse cenário pode se agravar”, disse Fausto ao jornalista Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta quarta-feira (29).