A tragédia em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, deve ser discutida sob a ótica da crise climática no país e no mundo. A opinião é de senadores do PT, que publicaram mensagens em apoio às famílias atingidas pelas enchentes e pelos deslizamentos ocorridos nesta terça (15).
“Minha solidariedade e sentimentos aos familiares e amigos das vítimas. O cenário é desolador, de muita tristeza. Que seus corações sejam confortados neste momento de extrema dor”, escreveu Paulo Paim (PT-RS) numa rede social.
Enquanto se solidarizava com as vítimas na cidade fluminense, Fabiano Contarato (PT-ES) alertava para os riscos ao seu estado, o vizinho espírito Santo, que registra 50 cidades em situação de alerta.
“Reitero que nosso mandato está à inteira e imediata disposição da população, das prefeituras e das Defesas Civis estadual e municipais. Estamos atentos e prontos para toda mobilização necessária”, disse.
Até a tarde de quarta, haviam sido contabilizadas 66 mortes em Petrópolis, enquanto bombeiros, soldados das forças armadas e voluntários tentam salvar vítimas entre escombros de casas e prédios e em meio à lama que se acumulou nas ruas. Em menos de seis horas, caiu mais água que o previsto para todo o mês de fevereiro. E alertas de mais chuvas intensas foram lançados para a região e também para mais de 200 cidades mineiras.
Nos próximos dias devem seguir os trabalhos de resgate de vítimas e de reconstrução de barreiras, assim como a corrente de solidariedade em todo o país para acolher e ajudar os desabrigados. Mas, para o senador Jaques Wagner (PT-BA), não se pode simplesmente registrar mais essa tragédia na estatística de eventos que acontecem na época das chuvas. Ao lembrar que a Bahia também passou por isso nos últimos meses, o senador avalia que esses episódios reforçam a necessidade urgente de se priorizar a questão ambiental.
“É preciso discutir soluções para desenvolver infraestruturas de adaptação e resiliência urbana e, assim, evitar mais acidentes oriundos da emergência climática”, apontou.
O debate reivindicado pelo senador, que é presidente da Comissão de Meio Ambiente, é uma urgência mundial, segundo a Organização das Nações Unidas. Estudos da Agência da ONU para refugiados, a ACNUR, revelam que os efeitos da crise climática já provocaram três vezes mais deslocamentos no planeta do que os conflitos armados.
É verdade que o que acontece hoje em Petrópolis não é inédito, assim como o volume de chuvas no Rio de Janeiro nessa época do ano. Angra dos Reis, no sul do estado, passou por dois desastres neste século, em 2002 e na entrada de 2011, com quase cem vítimas fatais. No primeiro, choveu em oito horas o que era esperado para três meses. E a própria serra fluminense foi palco da maior das tragédias do tipo, em 2011, quando cerca de mil pessoas morreram soterradas ou levadas pelas águas em municípios da região, incluindo Petrópolis.
O problema é que, ano a ano, esses desafios vêm aumentando e os efeitos são registrados com mais frequência. Como se fosse um roteiro de filme, essas advertências podem ser lidas nos relatórios do IPCC, sigla em inglês para o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. O de 2021, fruto de dois anos de trabalho de 103 peritos de 52 países, advertia sobre a importância de combater o desmatamento, promover a recuperação florestal e frear a degradação das terras como medidas para promover a adaptação da sociedade às mudanças climáticas. Qualquer semelhança…