Suplicy vai insistir na transparência do financiamento eleitoral

Suplicy vai insistir na transparência do financiamento eleitoral

Senadores tucanos, em bloco, apoiados por senadores do PMDB derrubam, em votação apertada, proposta que responde à cobrança das ruas por transparência total.

 

Suplicy quer que o plenário reconsidere decisão
da CCJ que derrubou proposta que daria mais
transparência às doações nas campanhas eleitorais

Por apenas um voto, contando com toda a bancada do PSDB e de parte do PMDB, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado derrubou, nesta quarta-feira (6), a proposta do senador Pedro Taques (PDT-MT) que torna obrigatória a divulgação periódica das doações e gastos das campanhas eleitorais. Por 10 votos a nove, o Projeto de Lei do Senado 601/2012, apreciado em caráter terminativo, foi derrubado, desobrigando, dessa forma, os partidos políticos a prestarem contas à sociedade sobre quem são seus financiadores. Com a decisão, manteve-se o manto que esconde dos brasileiros a origem do dinheiro arrecadado para o financiamento das candidaturas – presente em todos os escândalos políticos, desde que o Brasil livrou-se da ditadura militar, em 1988.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que havia feito uma defesa enfática da proposta, não se deu por vencido e irá apresentar um recurso para que o Plenário da Casa aprecie a proposta. Suplicy enfatizou a necessidade de o eleitor poder acompanhar a evolução das doações e lembrou que isso permite ao cidadão escolher os candidatos sabendo que interesses estão por trás de cada um deles. O senador petista destacou, ainda, que o projeto responde à crescente cobrança da população por maior transparência na política. “Essa transparência é um direito do eleitor. Antes de escolher em quem votar, ele tem o direito de saber que interesses e grupos estão financiando uma candidatura”, disse Suplicy.

Atualmente, os comitês e partidos só prestam contas da arrecadação e dos gastos de campanha após as eleições. Suplicy foi o autor de um projeto semelhante, derrotado no Plenário do Senado, que ia ainda mais além que a proposta de Taques, derrubada nesta quarta-feira pela CCJ, já que previa a prestação de contas de doações e gastos em tempo real, por meio da internet. O projeto de Taques estabelecia a divulgação mensal, dentro do período eleitoral, dos valores recebidos e gastos pelos comitês. O relator do PLS 601, senador Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP), fixou cinco datas para a apresentação das contas, com multa de até R$ 10 mil em caso de descumprimento da determinação.

A proposta de Pedro Taques foi bombardeada por integrantes da oposição e pela maioria dos representantes do PMDB na CCJ. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), por exemplo, alegou que revelar ao eleitor as contribuições recebidas pelos candidatos poderia deixar os financiadores de campanhas expostos a “pressões” tanto de quem não recebeu recursos como de setores poderosos interessados em prejudicar a candidatura beneficiada com as doações. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) também abraçou esse argumento. “Liberar a

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 Critico à desidratação da proposta da minirreforma
 eleitoral, Humberto pediu para adiar a votação
 da matéria para propor alterações

divulgação durante a campanha vai estimular o ‘caixa dois’. Os doadores também vão evitar doar para não ficarem expostos e sujeitos a algum tipo de pressão”.

Os quatro representantes do PT — além de Suplicy, Humberto Costa (PE), José Pimentel (CE) e Aníbal Diniz (AC) — votaram a favor da proposta que pretendia estabelecer mais transparência no financiamento de campanhas. Pelo placar apertado da votação, Suplicy demonstrou otimismo sobre a possibilidade de aprovar a matéria em Plenário. “O fundamental é garantir o direito do eleitor”, afirmou o senador paulista.

Minirreforma
Na reunião desta quarta-feira, a CCJ também iniciou a apreciação do substitutivo da Câmara dos Deputados à proposta de minirreforma eleitoral. Um pedido de vista feito por Humberto Costa (PT-PE) e transformado em vista coletiva adiou a votação da matéria. O Projeto de Lei do Senado 441/2012, do senador Romero Jucá (PMDB-RR), já tramitou no Senado e foi bastante criticado pela bancada petista pela “timidez” do texto. Ao passar pela Câmara, a proposta foi ainda mais “desidratada” pelas modificações feitas por aquela Casa e agora retorna ao Senado. O PLS 441 deverá ser votado na CCJ na próxima sessão do colegiado, no dia 13 de novembro.

A proposta tem novamente como relator o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) que, em seu parecer, manteve mudanças feitas pelos deputados, como a proibição de convocação de rede nacional de rádio e TV pelos chefes dos poderes no período pré-eleitoral. O texto do relator também autoriza que concessionário ou permissionário de serviço público faça doação de campanha a partido ou candidato, desde que não seja o responsável direto pela doação. Essa iniciativa é proibida atualmente pela Lei Eleitoral.

Concessionária de serviços públicos
Na mesma sessão, ainda foi aprovado o PLS 358/2009, do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), que proíbe a participação dos ocupantes de mandato eletivo e respectivos parentes na gestão de concessionárias de serviços públicos.

A matéria tinha sido aprovada em decisão terminativa, na forma de um substitutivo, no último dia 30 de outubro. Por isso, voltou para votação em turno suplementar. Com a aprovação confirmada, segue agora para exame na Câmara dos Deputados.

O PLS 358/2009 altera a Lei das Concessões e Permissões de Serviços Públicos (Lei 8.987/1995) e determina que os contratos relativos à concessão deverão conter cláusula proibitiva de contratação, impedindo que na circunscrição eleitoral do poder concedente (União, estados e municípios) políticos sejam indicados para cargos de direção, administrador ou de representante das concessionárias. O impedimento se estende a seus parentes até segundo grau.

Cyntia Campos com Agência Senado

 


Conheça o relatório 

Confira o relatório da minirreforma

 

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