Ataque à democracia

Ação bolsonarista no Congresso pode prejudicar 10 milhões de brasileiros

Paralisação das atividades promovida por apoiadores de Jair Bolsonaro impede votação da proposta que garante reajuste da tabela do imposto de renda, prioridade do governo Lula

Agência Senado

Ação bolsonarista no Congresso pode prejudicar 10 milhões de brasileiros

Bolsonaristas impedem o funcionamento dos plenários da Câmara e do Senado

A atitude dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro de ocupar as mesas da Câmara e do Senado pode prejudicar diretamente 10 milhões de brasileiros imediatamente. Isso porque o plenário do Senado precisa votar antes do próximo dia 11/8 a proposta de atualização da tabela de imposto de renda, isentando quem ganha até dois salários mínimos (R$ 3036). A mudança é necessária para garantir o poder de compra desses trabalhadores, que tiveram vencimentos reajustados em 2025.

O texto, relatado pelo senador Jaques Wagner (PT-BA) foi aprovado na última terça-feira (5/8) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e segue em regime de urgência para o plenário.

“A proposta concretiza a progressividade tributária na Constituição ao garantir a isenção àqueles que não possuem capacidade contributiva”, explicou Jaques Wagner.

Com parecer de Jaques Wagner avança revisão da tabela do Imposto de Renda

O projeto tem apoio do governo e está alinhado com as medidas de justiça tributária, especialmente a isenção de quem ganha até R$ 5 mil por mês, com desconto para quem ganha até R$ 7 mil e com a cobrança maior para as pessoas de renda elevada.

O projeto de lei (PL 2.692/2025) repete o teor da medida provisória (MPV 1.294/2025), que perde a validade na próxima segunda-feira (11/8). Sem a aprovação do projeto, a atualização da tabela gerada pela Medida Provisória deixa de valer.

Na avaliação do líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), a oposição promove uma verdadeira agressão ao Brasil e aos brasileiros ao impedir o funcionamento regular do Congresso Nacional e, consequentemente, a votação de propostas de interesse da população, como a isenção do IR.

“Estamos submetidos a uma violência. Em 2023, quando Bolsonaro perdeu a eleição, vimos a violência destruindo o STF, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto. Agora estamos vendo uma outra violência em nome da obstrução [dos trabalhos do Congresso]. Obstrução se faz dentro do regimento interno do Senado, da Câmara e do Congresso. Não impedindo que, por exemplo, ocorra a votação da isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 2.800. É uma agressão, uma violência contra o Brasil e contra os brasileiros”, avaliou o senador em entrevista à GloboNews.   

O senador Paulo Paim (PT-RS) também manifestou preocupação com a paralisação das atividades do Congresso Nacional.

“Pautas importantíssimas precisam ser votadas com urgência, como o socorro aos setores mais atingidos pelo tarifaço dos Estados Unidos e a isenção do imposto de renda.”

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou ser legítimo o direito de obstrução. Mas, impedir o pleno funcionamento do Congresso representa o desprezo da oposição pela atividade parlamentar.

“O que está acontecendo hoje aqui, no plenário da Câmara e do Senado, é a continuação do 8 de janeiro, protagonizado pelos mesmos que participaram do anterior. Quem sai perdendo com o não funcionamento do Congresso Nacional nesta semana é, sobretudo, o Brasil.”

A senadora Teresa Leitão (PT-PE) destacou que o único propósito dos senadores de extrema direita ao paralisar as atividades do Congresso Nacional é “defender os interesses de Bolsonaro”, enquanto a base do governo Lula está interessada em “defender o povo brasileiro e a democracia”.

Por fim, o senador Humberto Costa (PT-PE) apontou que os bolsonaristas seguem o mesmo roteiro habitual de ataque à democracia e às instituições.

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