Análise: em doze meses, geração de energia cresceu 3,7%

Há duas maneiras de analisar o resultado da geração de energia elétrica baseados nos números colhidos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A negativa para explicar o menor dinamismo do setor industrial é que entre junho e julho houve uma redução de 0,8% na energia gerada, de 57,7 mil megawatts (MW). Mas se se observar a geração nos últimos doze meses, houve um crescimento de 3,7% e na comparação com julho de 2011, o crescimento foi de 2,2%.

É possível atribuir ao menor dinamismo do setor industrial a geração de energia no mês de julho, mas os sinais tendem a uma recuperação: a indústria automotiva, por exemplo, bateu recorde de vendas e novas encomendas indicam a possibilidade de aumentar o consumo industrial. Os jornais tendem a mostrar que mais um indicador da economia veio ruim, na contramão do otimismo do governo. Os mais exagerados poderão dizer, inclusive, que as medidas para reaquecer a economia não surtiram efeito. Só que não é bem assim.

Embora a carga de energia tenha ficado menor em julho na comparação com o mês anterior, em 0,8%, o documento do Operador Nacional do Sistema faz uma ressalva com base em pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV): o nível de utilização da capacidade instalada (NUCI) da indústria manteve-se praticamente estável. Após avançar 0,7 ponto percentual entre novembro de 2011 e maio deste ano, o nível da capacidade instalada das indústrias permaneceu no patamar de 83,8% em junho e em 83,7% em julho. Isso quer dizer que o impacto negativo da economia não alterou a capacidade da produção industrial; o nível de desemprego não se alterou, permanecendo na casa dos 6%; a massa salarial cresceu pouco mas cresceu e dados do Ministério do Trabalho apontaram que os trabalhadores estão ingressando no mercado com maior escolaridade e maior idade.

Voltando para os números do ONS, vale destacar, por exemplo, o aumento do consumo de energia na região Nordeste. Houve um crescimento de 7,4% em julho na comparação com julho de 2011. Em doze meses, o crescimento foi de 6,2% e entre julho e junho verificou-se uma redução de 0,9%. O bom desempenho da economia na região Nordeste, cuja realidade mudou a partir do governo Lula e Dilma, alimentou o consumo das classes comercial e residencial. O desempenho poderia ter sido melhor, mas houve a ocorrência de chuvas intensas e acompanhadas de temperaturas amenas.

Na região Sudeste e Centro-Oeste, a geração de energia cresceu 1,4% em relação a julho de 2011, a região Norte teve uma variação negativa de 0,2% e a região Sul teve crescimento de 1,6% em relação a julho do ano passado.

Marcello Antunes

Íntegra do documento ONS 

 

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