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ANS admite providências contra Prevent após revelações da CPI

Paulo Rebello, presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar, admitiu tomar conhecimento de graves acusações contra a Prevent Senior apenas após denúncias feitas pela CPI. Senadores criticaram falhas no sistema de regulação do órgão
ANS admite providências contra Prevent após revelações da CPI

Foto: Agência Senado

O presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Rebello, admitiu nesta quarta-feira (6) durante depoimento à CPI da Covid que a autarquia somente tomou conhecimento das graves acusações que pesam contra a Prevent Senior após denúncias feitas pelos ex-médicos da operadora e reveladas pela própria CPI.

“Importante reiterar que a ANS teve conhecimento das graves acusações contidas em dossiê contra a Prevent Senior pela CPI da Covid, e tais situações nunca foram denunciadas diretamente à agência e não apareceram nos monitoramentos feitos periodicamente pela ANS”, disse Rebello.

Apesar da versão apresentada por Rebello, os senadores apresentaram documentos que mostram denúncias feitas por médicos da Prevent Senior à ANS em abril. Segundo Rebello, a agência pediu mais informações sobre o caso à época. E a operadora acabou praticando todo tipo de absurdos em suas instalações.

Foto: Agência Senado

“Só o senhor e a diretoria da ANS não sabiam do problema na Prevent Senior. O ministro [Luiz Henrique] Mandetta falou em abril do ano passado, a imprensa divulgou direto. A Globonews fez uma matéria em abril. A deputada Jandira Feghali apresentou uma denúncia em março à ANS para que fosse investigada a Prevent Senior. Isso que nós reforçamos agora, as pessoas recebendo kit covid em casa, termo de consentimento feito de forma irregular, pesquisas escabrosas feitas, e a ANS não tomou uma atitude. A ANS falhou, sim”, afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE).

Denúncias feitas por ex-funcionários da Prevent Senior revelam que a operadora de saúde fez testes de remédios comprovadamente ineficazes em pacientes com Covid-19, obrigou os médicos a prescreverem kits com medicamentos ineficazes e enviarem para as casas dos usuários e omitiu a doença em atestados de óbito.

Foto: Agência Senado

“Isso [mudança nos atestados de óbito] é uma fraude. Toda doença infectocontagiosa como a Covid-19 é de notificação compulsória. Ainda mais no meio de uma pandemia. Substituir a CID – Classificação Internacional das Doenças – [nos prontuários] é algo muito grave e está escondendo a causa da morte dos pacientes que foram levados à óbito”, explicou o senador Rogério Carvalho (PT-SE).

Instauração de diretoria técnica na Prevent Senior
Durante o depoimento, o presidente da ANS anunciou a instauração de uma diretoria técnica na Prevent Senior. A ideia, segundo Paulo Rebello, será acompanhar as ações da operadora e “garantir a qualidade da assistência aos beneficiários”.

“O diretor técnico não tem poder de gestão, mas ele acompanha e pode ficar solicitando várias informações à operadora para ver como está seu fluxo de trabalho, se há alguma situação que o aponte delicado. Aí a gente vai e intervém de forma mais dura, mais específica”, explicou.

Rebello também explicou que os beneficiários do plano de saúde que pretendem fazer a migração para outra operadora de saúde podem procurar informações no site da ANS ou na ouvidoria do órgão para resguardar direitos e manter os benefícios contidos no plano atual.

Novos investigados
O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), anunciou a inclusão de mais quatro pessoas na lista de investigados da comissão. Entre eles, estão o blogueiro Allan dos Santos e o empresário Otávio Fakhoury, financiadores e disseminadores de fake news negacionistas.

Também passaram para a condição de investigados os empresários Danilo Trento, diretor institucional da Precisa Medicamentos, e Marcos Tolentino, suspeito de ser sócio oculto do FIB Bank.

Durante a audiência desta quarta-feira, também foi anunciada a inclusão do presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Luiz de Britto Ribeiro, na lista de investigados da CPI. “Pelo apoio ao negacionismo, suporte ao uso de medicamentos ineficazes e omissão diante de fatos criminosos”, esclareceu o senador Renan Calheiros.

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