descaso com a população

Bolsonaro humilha famílias carentes em busca de apoio popular

Um dia depois do primeiro turno das eleições, Bolsonaro usa máquina pública para antecipar pagamento de benefícios sociais visando ganhos eleitorais
Bolsonaro humilha famílias carentes em busca de apoio popular

Foto: PT no Senado

Bolsonaro sempre se posicionou contrariamente ao pagamento de benefícios sociais para as famílias mais carentes do Brasil. Quando era deputado federal e até durante a campanha de 2018, Bolsonaro sempre falou mal de iniciativas como o Bolsa Família.

Ele chamava o programa criado nos governos do PT por nomes ofensivos e dizia que ele fazia as pessoas pobres pararem de trabalhar e as mulheres a engravidar para receber o benefício.

Mas, curiosamente, essa postura mudou nos últimos meses. Bolsonaro usa a máquina pública como se não devesse seguir as leis do país. Além disso, tenta enganar aqueles que já sofrem com a fome fingindo se importar com o drama criado, em parte, pelo seu próprio despeito com os mais pobres.

Nessa manobra descarada de tentar ludibriar a população e angariar apoio em cima das eleições, Bolsonaro passa a vender a ilusão de que pagará o 13º salário do Auxílio Brasil para mulheres. E, além disso, antecipará o pagamento do benefício para que ele saía na semana em que a população voltará às urnas para decidir o próximo Presidente da República.

“Bolsonaro está desesperado. Mira o povo de baixa renda achando que são bobos. Eles já deram a resposta nas urnas: não querem mais quatro anos deste incompetente. Todas as medidas econômicas adotadas não surtiram efeito e só servem para reforçar que a gestão do ódio está terminando. Falta pouco”, disse o senador Paulo Rocha (PA), líder da bancada do PT.

O atual governo decidiu pagar o benefício no valor de R$ 600 apenas até dezembro. Mas, apesar da falta de previsão orçamentária para a manutenção do valor para o próximo ano, Bolsonaro mente para a população dizendo que manterá exatamente o valor. Mas, seu próprio governo enviou ao Congresso proposta orçamentária prevendo o pagamento de apenas R$ 405.

“Bolsonaro tem a cara do desespero. Não bastasse o vale-tudo em que já vive, agora, uma vez mais, usa descaradamente a máquina do governo com propósito eleitoral, prometendo, até mesmo, benefício sem previsão de recursos. Ou seja, é crime misturado com fake News. Duas práticas em que esse governo é mestre. Mas as pessoas não vão se iludir com isso porque seus votos não estão à venda. A resposta, assim como foi no 1º turno, será a derrota nas urnas em 30 de outubro”, enfatizou o senador Humberto Costa (PT-PE), presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH).

O economista Bruno Moretti lembra que o atual governo desmontou institucionalmente o CadÚnico e o Bolsa Família. E, em decorrência disso, diversos especialistas tem apontado a perda de qualidade da política de transferência de renda que era referência mundial durante as gestões do PT.

“Isso é um reflexo do uso eleitoreiro das políticas sociais, levando à improvisação e a decisões mal planejadas. No caso do último anúncio, vale lembrar que o custo seria de R$ 10 bilhões. Bolsonaro mandou um projeto de lei de orçamento para 2023 que sequer contempla os R$ 600. Tampouco há espaço para pagar os R$ 10 bilhões, referentes ao décimo terceiro. Ou seja, trata-se de uma proposta vazia”, alerta o economista.

Moretti ainda destaca a política extorsiva promovida pelo governo Bolsonaro na abertura de possibilidade de contratação de empréstimo consignado por parte dos beneficiários de programas de transferência da renda. “Estão querendo rodar o consignado do auxílio na segunda quinzena [de outubro]. É a maior crueldade. A taxa pode ser até 51% ao ano. Vão gerar a sensação de aumento da renda no curto prazo e depois os beneficiários vão perder até 40% do benefício pagando aos bancos uma prestação extorsiva”, criticou.

Durante a pandemia, Congresso garantiu auxílio emergencial de R$ 600
No mês em que o mundo todo se preparava para a pior pandemia do século, discutindo formas eficazes de proteger as pessoas mais pobres, Bolsonaro se dedicou a desdenhar da Covid-19 e ainda sugeriu, via seu ministro Paulo Guedes, que se pagasse apenas R$ 200 de auxílio emergencial.

A oposição no Congresso Nacional não concordou com o valor vergonhoso que Bolsonaro e Guedes sugeriram e aprovou um auxílio emergencial de R$ 600 (e R$ 1.200 para mães chefes de família), para 65 milhões de pessoas.

Esse valor só durou cinco meses. Em setembro, Bolsonaro reduziu o auxílio para R$ 300.

Não bastasse ter reduzido o valor, Bolsonaro corta o auxílio emergencial e deixa todos os brasileiros abandonados em janeiro de 2021 antes mesmo de oferecer a vacina contra a Covid-19.

Bolsonaro só voltou com o auxílio emergencial três meses depois, o que fez a fome explodir no Brasil. E, quando voltou, foi ainda num valor mais baixo (média de R$ 375) e para menos pessoas: 44 milhões de beneficiários.

Bolsonaro anunciou o fim do auxílio emergencial e do Bolsa Família e criou o Auxílio Brasil, no valor de R$ 400 e para apenas 14,5 milhões de pessoas, abandonado todas as outras. Depois, incluiu mais pessoas, mas, pelo menos, 24 milhões que recebiam o auxílio emergencial nunca mais tiveram ajuda.

Em agosto deste ano, Bolsonaro finalmente sobe o auxílio para R$ 600, mas só garante esse valor até dezembro. E pior: com a inflação nas alturas, R$ 600 hoje valem só o que R$ 411 valiam em 2020. Auxílio de R$ 600 chegou atrasado e é insuficiente.

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