Para o presidente do Bird, o nível de investimentos, tanto em infraestrutura como em capital humano, tem tornado o Brasil menos vulnerável às crises externas. Segundo ele, a economia brasileira se recuperará em 2013 depois do baixo crescimento do ano passado.
O Brasil vai “exportar” iniciativas de enfrentamento da pobreza extrema. Depois de ser reconhecida como iniciativa bem-sucedida pelo Banco Mundial e pela Organização das Nações Unidas, a experiência brasileira de redução da miséria e combate às desigualdades servirá de exemplo para outros países. Um acordo assinado nessa terça-feira (5) entre o Brasil, por meio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e os dois organismos internacionais vai levar o conhecimento, e o know-how brasileiro para países que enfrentam realidades semelhantes.
A redistribuição de renda para as camadas |
“Este acordo reconhece o Brasil como um líder global na redução da pobreza e da desigualdade”, afirmou o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim. Segundo ele, o Brasil tornou-se referência mundial na última década, quando implementou e consolidou avanços que definiu como “notáveis e com o qual o mundo pode obter grande aprendizado”. “O êxito do Brasil é de crucial importância para o êxito do Banco Mundial. Não é possível gerar emprego sem crescimento e nem inclusão social. O grande mérito do Plano Brasil sem Miséria foi vincular os três vetores para o desenvolvimento econômico do futuro: saúde, educação e bem-estar social”, comentou.
Com a Iniciativa de Conhecimento e Inovação para a Redução da Pobreza, ações do governo brasileiro como o Bolsa Família e o Plano Brasil sem Miséria poderão ser fonte de referência para outros países que pretendam construir ou aprimorar suas políticas de inclusão social. O primeiro passo será a criação de um banco virtual de informações, reunindo estudos já realizados pelo Ipea, Banco Mundial e outras instituições sobre o Bolsa Família e o Plano Brasil sem Miséria.
Em seguida serão feitos estudos de caso da experiência brasileira em âmbito nacional, estadual e municipal. O objetivo é verificar os fatores que fazem com que estas ações sejam bem-sucedidas e, a partir daí, avaliar possibilidades de inovação, desafios e dificuldades a serem enfrentados e as lições que podem ser relevantes para o Brasil e, principalmente, para outros países.
Instrumento
Para o representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) no Brasil, Jorge Chediek, a Iniciativa, mais que um acordo interinstitucional, será “um instrumento para que milhões de pessoas, em algum lugar do mundo, em algum canto do nosso planeta, melhorem suas condições de vida ao aplicar os ideais e as tecnologias sociais do Brasil”.
Na terceira etapa do trabalho, a meta será reunir opiniões e comentários que apontem soluções para eventuais problemas de implementação de políticas públicas de redução da pobreza.
Segundo a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, os resultados alcançados pelo Brasil no campo da inclusão social se devem, em grande parte, ao Bolsa Família. “Ele, de fato, serve de base para construção de políticas de superação da extrema pobreza, não só por ser inovador em várias questões, mas também porque temos um entendimento de que, para que uma tecnologia social seja implementada e dê certo, ela tem que ter dimensão, impacto e escala nacional. É por isso que o Bolsa Família é uma política tão bem sucedida”, pregou a ministra.
Já o presidente do Ipea, Marcelo Neri, apontou como principal ponto positivo, e razão para o sucesso, da experiência brasileira o fato de a política de inclusão social ter sido aliada ao projeto de desenvolvimento do país. “O combate à pobreza, no Brasil, não é uma agenda do MDS, é uma bandeira do país”, resumiu Neri.
A Iniciativa de Conhecimento e Inovação para a Redução da Pobreza faz parte de um esforço global do Banco Mundial para a produção de conhecimento sistemático e compartilhamento de experiências bem-sucedidas que possam ser replicadas em outros países.
Além da experiência brasileira de superação da extrema pobreza, a instituição já assinou acordos semelhantes com a China, para tratar das políticas de transporte urbano, e com a África do Sul, sobre a implementação de políticas educacionais.
Política social amorteceu crise
Jim Yong Kim se reuniu com o ministro da |
O crescimento de 0,9% na economia brasileira no ano passado não prejudicou o desenvolvimento social do Brasil, avaliou o presidente do Banco Mundial. Jim Yong Kim ressaltou que a redistribuição de renda para as camadas mais pobres da população foi essencial para manter o consumo e amortecer o impacto da crise econômica em 2012.
Para o presidente do Bird, o nível de investimentos, tanto em infraestrutura como em capital humano, tem tornado o Brasil menos vulnerável às crises externas. Segundo ele, a economia brasileira se recuperará em 2013 depois do baixo crescimento do ano passado. “Houve decepção com os números do crescimento [brasileiro] no ano passado, mas muito disso tem a ver com aspectos externos e o estado da economia mundial. Para este ano, a expectativa é que o Brasil possa crescer até 3,5%. Acredito que haverá recuperação, até porque os investimentos atuais estão estabelecendo as bases para o crescimento futuro”, declarou Kim.
Ele ressaltou ainda que, por causa dos programas de redistribuição de renda, as regiões mais pobres do país estão crescendo mais que a média da economia brasileira. “Ontem (4), estive na Bahia, e o crescimento que vimos no Nordeste foi estimulante”, avaliou. “Os países em desenvolvimento precisam construir camadas de amortecimento em relação aos choques externos, investindo não no curto prazo, mas em longo prazo e no capital humano. Alguns, como o Brasil, já fizeram essa tarefa.”
No comando do Banco Mundial desde julho do ano passado, Kim, médico e antropólogo norte-americano de origem sul-coreana, disse que pretende prosseguir com o processo de mudança de foco de atuação da instituição financeira. Segundo ele, o Bird pretende dar cada vez mais ênfase a projetos sociais, ligados à educação e à saúde, do que aos financiamentos de empreendimentos de infraestrutura.
Nos últimos três anos, o Banco Mundial concedeu US$ 3,3 bilhões por ano em financiamentos ao Brasil, dos quais 50% estão investidos no Nordeste. Segundo Kim, o país já alcançou o teto de recursos que podem ser emprestados pelo banco. No entanto, a instituição ainda pode ampliar o volume aplicado no Brasil por meio de programas que utilizam outras fontes de recursos, como o fornecimento de serviços de consultoria e assistência técnica para entes públicos.
Foto externa: Ednah Mary
Fotos internas: Agência Brasil
Com informações do Portal Planalto e da Agência Brasil
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