Comissão do PT decidirá na sexta as medidas sobre caso do senador Delcídio

Comissão do PT decidirá na sexta as medidas sobre caso do senador Delcídio

Em editorial semanal na Agência PT de Notícias, o presidente da legenda, Rui Falcão, fala sobre as medidas que serão adotadas a respeito das “violações éticas” cometidas pelo senador Delcídio do Amaral.

Veja, abaixo, o texto na íntegra:

O combate ao oportunismo e ao comportamento antipartidárioRui Falcão

Na próxima sexta-feira, 4 de dezembro, a Comissão Executiva Nacional do PT discutirá quais medidas serão adotadas a respeito das violações éticas que o senador Delcídio do Amaral cometeu e que se comprovam por uma gravação cuja autenticidade foi reconhecida por ele mesmo.

Trata-se de um julgamento político, pautado pelo nosso Estatuto e Código de Ética, visto que, do ponto de vista penal, incumbe ao Ministério Público e ao Supremo Tribunal Federal (STF) dar seguimento ao inquérito e posterior denúncia, assegurados ao senador o devido processo legal e a ampla defesa.

Como se recorda, o STF determinou a prisão do senador sob a acusação de tentativa de obstrução da justiça e formação de organização criminosa com o intuito de promover fuga de um réu da Lava Jato, além de evitar a menção do nome dele na delação premiada de Nestor Cerveró.

Embora haja controvérsias sobre se a Suprema Corte poderia ordenar a prisão de um senador sem que estivesse configurado o flagrante de um crime inafiançável, o fato é que o Senado Federal decidiu, em votação realizada após a prisão, validar a decisão do STF.

Trata-se de tema complexo, que envolve interpretações da Constituição, mas ao PT interessa separar o joio do trigo. É inquestionável que o senador Delcídio traiu a confiança do PT, do governo Dilma, de quem era líder do Senado, e frustrou o seu próprio eleitorado.

Todos sabemos que há uma seletividade nas investigações da Lava Jato, como também são nítidas as manobras para criminalizar o PT como instituição. Também é verdade que o Judiciário não trata com o mesmo rigor filiados de partidos de centro e da direita, haja vista a morosidade e parcialidade nos casos do mensalão do PSDB e do trensalão em São Paulo.

Nada disso, contudo, exime o senador do delito de usar seu cargo em benefício próprio, com prejuízos para o PT, o governo e o próprio País, sobretudo ao cogitar o suborno e a fuga de um criminoso que estaria colaborando com a Justiça.

Por tudo isso, é injusta a crítica de que não defendemos o Estado Democrático de Direito ao divulgar a nota que reprova as “tratativas” do senador já amplamente divulgadas. Há muito temos alertado para o surgimento de um “embrião do estado de exceção dentro do Estado de Direito”. Da mesma forma, temos denunciado o cerco ao PT, à Dilma e ao Lula por setores do aparelho de estado capturados pela direita.

A Constituição assegura aos parlamentares imunidade para defesa de ideias, programas e atividades político-partidárias. Porém, não se pode estendê-la a prática de atos delituosos, hipótese em que a imunidade, inviolável, converte-se em impunidade, a ser combatida sempre.

Mas o que vamos tratar  na sexta-feira é da abertura de um processo disciplinar face ao filiado Delcídio de Oliveira, reafirmando o que entendemos ser seu comportamento antipartidário e antiético.

Se queremos fazer recuar a ofensiva conservadora desfechada contra o PT, urge também combater, com rigor, o oportunismo, o personalismo e o relaxamento da vigilância contra comportamentos antipartidários que vicejam entre nós.

 

Rui Falcão é presidente Nacional do PT

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