Parlamentares da bancada do PT no Senado criticaram, em plenário, a cultura do ódio e de criminalização da pobreza que levou à morte de noves pessoas pisoteadas após ação da Polícia Militar de São Paulo, durante um baile funk na comunidade de Paraisópolis na madrugada de ontem (1º/12).
“Esgotou-se a forma como os governos pensam a segurança pública. Os nove jovens assassinados, entre centenas de casos que ocorrem no País, são vítimas de uma sociedade desigual que mata, aumenta a miséria, a pobreza e a concentração de renda. Essa barbárie não pode continuar”, lamentou o senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH).
Para o senador, ocorrerão mais mortes no País caso não haja “um outro olhar” para a área da segurança pública e reformule o atual modelo classificado como “arcaico“ e com “seríssimos problemas estruturais que tem como eixo a cultura de ódio e de violência, da bala e da repressão”.
O Brasil vive um momento tenebroso de sua história com a criminalização dos pobres e da pobreza, na avaliação do vice-líder da bancada, senador Rogério Carvalho (PT-SE). De acordo com o parlamentar, enquanto as festas dos milionários brasileiros contam com a proteção do Estado, os mais pobres sofrem com a criminalização, inclusive, dos momentos de lazer.
“Vemos que os ricos recebem proteção do Estado para fazerem suas festas regadas a qualquer tipo de substâncias. Ninguém questiona. Uma festa que reúne milhares de pessoas, que é a única forma que essas comunidades carentes têm de confraternizar, estar em comunhão comunitária, se torna uma atividade criminosa, criminalizada”, criticou.
Na avaliação do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), o massacre é resultado da política de ódio adotada pelo governo de Jair Bolsonaro e replicada no âmbito estadual pelo governo de João Dória em São Paulo. A situação fica ainda mais grave, segundo Humberto, com a tentativa do governo federal de aprovar projeto que garanta o excludente de ilicitude a agentes de segurança em ações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
“A proposta de excludente de ilicitude nada mais é do que uma autorização para matar. Juntando-se autorização para matar com a cultura que estão criando no Brasil de que todo conflito deve ser enfrentado com violência, tenho certeza que essa situação vai se agravar”, avaliou.