Os senadores membros da Frente Parlamentar do Observatório da Pandemia têm feito sua parte para que o trabalho da CPI da Covid e os fatos revelados pelas investigações não fiquem sem o devido encaminhamento por parte das autoridades competentes. Nesta semana, em entrevista coletiva, parte dos membros da Frente voltou a criticar a postura do procurador-geral da República, Augusto Aras, que estaria protelando a tomada de uma decisão sobre o resultado da CPI.
A cúpula da CPI da Covid acusou a Procuradoria-Geral da República de se omitir diante dos pedidos de indiciamento encaminhados pela comissão. O trabalho da comissão foi encerrado há quatro meses com o pedido de indiciamento de duas empresas e 78 pessoas por crimes como epidemia com resultado morte, charlatanismo e crimes contra a humanidade.
Uma semana depois, os membros da CPI foram até o procurador-geral da República, Augusto Aras, entregar os resultados das investigações que envolviam 12 autoridades com foro privilegiado, entre elas Jair Bolsonaro, ministros do governo, o senador Flávio Bolsonaro e diversos deputados federais.
“A CPI da Covid fez um trabalho hercúleo e conseguiu mover o Brasil para o caminho da vacina e do combate à pandemia, a partir do momento em que provou à população que esse governo genocida de Bolsonaro era parceiro do vírus, cuja propagação estimulou por suas ações e omissões. É incrível que o procurador-geral da República não enxergue a robustez das provas nem aja, de acordo com o seu dever, para levar o presidente da República e assessores diretos à Justiça para que respondam pelo que fez”, criticou o senador Humberto Costa (PT-PE). “O Senado tem suas prerrogativas e competências. E vamos usá-las para buscar a reparação dessas quase 700 mil mortes na pandemia. Isso não vai ficar impune”, completou o senador.
Durante a coletiva de imprensa, o presidente da Frente Parlamentar, senador Omar Aziz (PSD-AM), disse ser incabível confundir a população com o argumento de que as provas da CPI não existem.
“[Augusto Aras] pode condenar ou absolver, mas nunca dizer que não há provas. Se ele absolver, entrará na História absolvendo quem contribuiu para a morte de 630 mil pessoas. Se ele condenar, fará o dever dele. O único argumento que ele não pode dizer é que não há provas. As provas são públicas, de conhecimento do povo brasileiro”, declarou.
Vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) cobrou do Ministério Público a mesma “dedicação, zelo e afinco” com que os senadores se dedicaram durante seis meses na comissão de inquérito. Ele apresentou um cronograma da entrega à PGR das provas dos crimes apurados pela CPI, salientando que os senadores cumpriram todas as exigências técnicas e protocolares dos procuradores, mas Aras insistiu que a CPI não tinha entregado os documentos. Ele considera que o colegiado tem sido “embromado” pela PGR.
“A velocidade com que está sendo encaminhado na PGR não é a mesma que o procedimento anda na Procuradoria da República da 1ª Instância do Distrito Federal e no Ministério Público de São Paulo”, sublinhou.
Para o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), há um esforço da PGR para desmerecer as provas, que prometeu apresentar “quantas vezes forem necessárias”. Renan se mostrou confiante de que Aras não terá coragem de continuar criando obstáculos às investigações.
“Essas coisas não podem ficar impunes. Precisamos fazer justiça. Primeiro, a justiça dos homens, que é o que nos compete fazer, defender, cobrar e reivindicar. Depois, a justiça de Deus, de onde, sem dúvida, eles não escaparão”, pontuou.
Com informações da Agência Senado