Delegado da ditadura é arquivo vivo, diz Paulo Paim

Delegado da ditadura é arquivo vivo, diz Paulo Paim

Durante sessão Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado, nesta quinta-feira (17/05), o senador Paulo Paim (17/05) explicou a importância do depoimento do ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), Claudio Guerra, personagem central do livro Memórias de uma Guerra Suja, que trata dos crimes cometidos pela ditadura militar. Segundo Paim, o delegado é um arquivo vivo e “com toda certeza, vai dar sua contribuição à Comissão da Verdade, instalada ontem em ato histórico”.

A Comissão da Verdade investigará violações aos direitos humanos entre 1946 e 1988, com ênfase no período da ditadura militar.

O depoimento de Cláudio Guerra, previsto para esta quinta, foi suspenso. “É o depoimento de quem foi o principal agente de um grupo que, fora da cadeia de comando, foi responsável pela matança de integrantes da esquerda. Seu nome não está entre os torturadores porque sua missão não era torturar, era matar”, destacou Paim ao falar sobre o livro e seu personagem.

Aos jornalistas, o delegado também falou sobre sua participação na Chacina da Lapa, ocorrida em São Paulo. Essa operação do exército resultou na morte de três dos principais dirigentes do PCdoB. Guerra ainda relatou sua participação no atentado frustrado ao Riocentro. Na ocasião a bomba explodiu no colo de um dos militares envolvidos.

Ao abrir a reunião, o senador Paulo Paim explicou que o delegado aposentado alegou a necessidade de garantias de segurança para seu deslocamento a Brasília, onde falaria sobre sua participação na morte de militantes da esquerda na época da ditadura militar, nos anos 70.

Segundo Paim foi informado, na madrugada da quarta-feira (16/05), três homens rondaram a casa do delegado, na cidade de Vila Velha (ES). Claudio Guerra, que se diz arrependido dos crimes cometidos e narrou a dois jornalistas as ocorrências em que esteve envolvido na época da ditadura, afirmou ter ouvido um dos homens gritar a frase “eu vou pocar” – gíria policial da época que era a senha para o disparo de arma, com o objetivo de matar quem estivesse no alvo.

O senador registrou que fez contato com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para narrar o acontecido e pedir pela segurança do delegado. De acordo com Paim, o ministro informou que o delegado se negou a entrar no programa federal de proteção a testemunhas.

Com informações da Agência Senado

Foto: Agência Senado

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