CPMI do Golpe

Depoimento de Braga Netto é essencial para mostrar estratégia golpista da cúpula de Bolsonaro

Para os senadores Fabiano Contarato e Rogério Carvalho, oitiva de braço-direito de Bolsonaro será chave para comprovar fatos investigados pela CPMI

Marcos Correa

Depoimento de Braga Netto é essencial para mostrar estratégia golpista da cúpula de Bolsonaro

Braga Netto concorreu às eleições presidenciais como vice na chapa de Jair Bolsonaro

Um dos aliados mais próximos de Jair Bolsonaro, candidato a vice na chapa do ex-presidente nas últimas eleições e flagrado, em novembro do ano passado, pedindo aos apoiadores do governo anterior que as manifestações golpistas continuassem, o general Walter Braga Netto será ouvido pela CPMI do Golpe na próxima terça-feira (19/9).

Braga Netto deve esclarecer, na oportunidade, o papel desempenhado como mensageiro de Bolsonaro aos golpistas quando pediu, no chamado “cercadinho” do Palácio da Alvorada, que os bolsonaristas não perdessem a fé. “Não percam a fé, é só o que posso falar para vocês. Tem de dar um tempo, tá bom?”.

A convocação do general foi aprovada em 13 de junho, pela CPMI. As propostas são da relatora da comissão, Eliziane Gama (PSD-MA), do deputado Duarte Jr (PSB-MA) e da senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA).

Na avaliação do líder do PT no Senado, Fabiano Contatato (ES), o depoimento de Braga Netto será essencial para esclarecer a dimensão do envolvimento da cúpula do governo Bolsonaro na tentativa de golpe antes e após o resultado das eleições do ano passado.

“O general é braço-direito do ex-presidente, tanto que foi candidato a vice-presidente em 2022, e sempre atuou ao lado de Bolsonaro, então vai ter a oportunidade de esclarecer pontos importantes da apuração da CPMI, caso não opte por ser omisso”, alertou o senador.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE), outro integrante da CPMI, afirma que os elementos investigados, até o momento, pelo colegiado apontam para Braga Netto como um dos “arquitetos” da estratégia golpista do governo Bolsonaro que culminou nos ataques do dia 8 de janeiro.

“Todos os fatos que vieram a público até agora, apontam o general Braga Neto como um dos arquitetos das ações que culminaram com os ataques de 8 de janeiro. Assim, sua presença na CPMI será uma oportunidade para confrontarmos o seu envolvimento direto ou indireto nesses atos”, afirmou o senador Rogério Carvalho.

Além disso, o militar é um dos investigados na operação da Polícia Federal sobre suspeita de fraudes com a verba da intervenção federal ocorrida na segurança do Rio de Janeiro. Braga Netto é suspeito de participar de um esquema em licitação com sobrepreço para a compra de coletes balísticos na intervenção no Rio de Janeiro, em 2018. O militar atuou como interventor nessa operação e teve seu sigilo telefônico quebrado pela Justiça.

Braga Netto ocupa atualmente cargo de secretário nacional de relações institucionais do PL.

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