Dilma: contribuição do Brasil contra a crise é maior aceleração da economia

A presidente da República, Dilma Rousseff, afirmou na manhã dessa terça-feira (11), em pronunciamento no “Fórum pelo Progresso”, em Paris, que os países emergentes mostraram maior capacidade de recuperação e com maior estabilidade macroeconômica. A crise mundial, iniciada em 2008, atingiu uma fase crônica em 2011 e não parece estar perto do fim, mas o Brasil tem feito sua parte, enfatizou Dilma durante do evento coproduzido pelo Instituto Lula e que contou com a presença do ex-presidente. “Não vacilamos em lançar mãos de estímulos fiscais para reduzir impactos da crise”, disse Dilma. Ela destacou a adoção de medidas pelo governo brasileiro para reduzir os impactos da crise econômica financeira mundial. “Isso nos permitiu diminuir os efeitos da crise global”, disse. Segundo ela, a contribuição brasileira nos próximos meses será uma maior aceleração da economia.

A presidente citou que o cenário do País tem “emprego em patamares extremamente elevados” e que, “em 2009, fomos os primeiros a sair da crise”, completou Dilma, lembrando de uma série de ações tomadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula Silva, seu antecessor e presente no evento. Dilma considerou que as ações tomadas desde 2003, no início do primeiro mandato de Lula, e mantidas por ela, mostram que a “visão incorreta” entre crescimento e austeridade fiscal foi superada. “Com políticas de emprego, salário e proteção social criamos grande mercado de massa”, afirmou. A presidente lembrou ainda que o País deixou de buscar socorro financeiro ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e que hoje é credor global, “o que nos orgulha muito”.

A apontar os esforços do Brasil para melhorar o nível de vida da população e reduzir a pobreza, a presidenta também chamou atenção para o êxito da política que combina as medidas fiscais e econômicas com a proteção social. “Se sacrificarmos as conquistas sociais, perderemos a batalha do desenvolvimento”, disse. Criticando as opções protecionistas, a presidente brasileira defendeu uma “ampliação do multilateralismo” e “um controle maior dos fluxos financeiros”.

Críticas

Dilma voltou a condenar a política ortodoxa aplicada pela comunidade européia, que, segundo ela, não resolve os problemas da crise –  agrava a recessão, aumenta o desemprego, a desesperança e o desalento. “A situação fiscal necessariamente se deteriora mais”, disse. Na sua avaliação, as ações ajustes fiscais e estímulos monetários afetam o bem estar social.

Ela considera a saída da Europa da crise como crucial para o Brasil e para o mundo. “A recessão só torna mais aguda a crise e transforma em insolvência o que no primeiro momento era uma crise de liquidez”, concluiu.

Cooperação

Dilma Rousseff e o presidente francês, François Hollande, defenderam o compromisso com o crescimento econômico e a geração de emprego como forma de combater a crise. “É preciso cooperação, diálogo e que se assuma um compromisso com o crescimento, o emprego, a justiça social e o meio ambiente, para que se possa criar um caminho sustentável para saída da crise”, destacou Dilma.

Novo conselho

A presidenta Dilma também apoiou a sugestão do presidente francês para a criação de um conselho de segurança econômica e social, nos moldes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). Ela afirmou que a recessão e a desordem fiscal podem ter consequências sociais e políticas graves, como a descrença na política, o abandono da democracia, a xenofobia e o desespero pela falta de futuro.

“Superamos a visão incorreta que contrapõe, de um lado, as medidas de incentivo ao crescimento e, de outro, os planos de austeridade. Esse é um falso dilema. A responsabilidade fiscal é tão necessária quanto são imprescindíveis medidas de estímulo ao crescimento, pois a consolidação fiscal só é sustentável em um contexto de recuperação da atividade econômica”, conclui.

Nova governança mundial

Explicando que a prioridade é o emprego, o presidente francês propôs que no cenário internacional, no G20, no G8 e nas outras instâncias internacionais, não sejam tomadas nem debatidas medidas sem avaliar seu impacto sobre o emprego. “Precisamos de uma governança econômica mundial renovada”, fundada “na cooperação”, afirmou.

Dilma reiterou a posição brasileira nas discussões globais sobre as mudanças climáticas e a reforma da Organização das Nações Unidas (ONU). “Nós queremos ampliar o multilateralismo”, disse Dilma. “Hoje há no Conselho de Segurança da ONU um grande desequilíbrio, uma vez que países que emergiram estão subrepresentados.”

Com informações de agências de notícias

 

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