Dilma reforça críticas à saída de “direitos reprodutivos” de texto final

A mulher precisa estar no eixo central das mudanças que o mundo precisa operar para atingir o desenvolvimento sustentável. Esta foi a opinião manifestada pelas líderes mundiais no fórum “O que as mulheres querem”, nessa quinta-feira (21/06), durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). No evento, a presidente brasileira Dilma Rousseff sugeriu que as mulheres devem se mobilizar para não serem excluídas das transformações que a economia verde trará. E se comprometeu a governar em favor dos “direitos reprodutivos das mulheres”, para que lhes sejam garantido o poder de decidir sobre o momento de ter filhos.

Nos debates que antecederam a formulação do documento da Rio+20 que está em negociação pelos chefe de Estado de mais de 100 países, a questão dos “direitos reprodutivos” foi considerada um dos temas mais polêmicos. Tanto que na última versão do texto a expressão foi substituída por “saúde reprodutiva”. A alteração que contou com o apoio de países como o Chile e o Egito, foi pressionada pelo Vaticano. E na avaliação da primeira-ministra da Irlanda Mary Robinson, representam um “retrocesso em princípios fundamentais”, como se eles não fossem “necessários para as mulheres do mundo hoje”.

A mesma avaliação foi feita pela senadora Marta Suplicy (PT-SP), que considerou a troca de expressões um “atraso em todas as conquistas feministas”. Para Marta, a mulher precisa estar no centro dos debates e ações que fomentam a construção de um novo modelo para o Planeta, baseado no crescimento econômico, inclusão social e proteção do meio ambiente. “Quem educa, quem consome e compra os produtos é a mulher. Enquanto a mulher não for parte intrínseca na conversa, não caminharemos o movimento como deve ser. Quando tivermos a equidade de gêneros respeitada, o meio ambiente melhorará rapidamente”, afirmou.

A ex-presidente do Chile e atual diretora executiva da ONU Mulheres, Michelle Bachelet, também ressaltou a importância da participação das mulheres e da busca pela igualdade em prol do desenvolvimento sustentável. “As mulheres devem ser parte disso, o planeta não vai suportar sem um novo paradigma de desenvolvimento sustentável, focado no desenvolvimento central das pessoas, com suas diversidades, e na erradicação da pobreza e de todo o tipo de desigualdade humana”, destacou.

Responsabilidade compartilhada

Em seu discurso no fórum das líderes, a presidente Dilma ainda defendeu a que a expansão da participação das mulheres no mercado de trabalho deve ser acompanhada pelo correspondente engajamento dos homens nas tarefas domésticas, que configura “um trabalho invisível, mas que precisa ser compartilhado e reconhecido, inclusive como contribuição para a economia e as contas públicas”. Manifestação que foi aplaudida pelos participantes do encontro.

Catharine Rocha, com informações de agência on line

Foto: Roberto Stuckert Filho/ PR

Veja a fala da presidenta Dilma 

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