Não foi um ano fácil para o senador Paulo Paim (PT-RS). Assim como seus conterrâneos, sofreu com a tragédia que assolou o Rio Grande do Sul. Emocionado ao discursar no Plenário, o senador contava das angústias de sua gente, da dor da distância, mas sabia que era em Brasília que poderia mais ajudar os gaúchos. Entre as diversas ações que liderou no Congresso, foi relator do projeto que reconheceu o estado de calamidade do RS e do que suspendeu o pagamento da dívida do estado com a União.
A atuação destacada do parlamentar foi premiada pelo júri especializado do Prêmio Congresso em Foco 2024: Paim foi escolhido como “Melhor Senador do Brasil”. Ficou em 4º lugar na votação dos jornalistas que cobrem o Congresso Nacional e entre os cinco senadores mais bem avaliados pelo voto popular. Também foi eleito na categoria “Melhor Senador da Região Sul”.
O resultado foi anunciado na quinta-feira (29/8) durante a cerimônia de entrega da premiação mais importante da política brasileira. Ao falar sobre o prêmio, Paim enfatizou o reconhecimento das causas que defendeu por toda vida. “Não honrou a mim, honrou as causas que eu defendo, as causas do povo brasileiro. Neste momento de tanto ataque à democracia – nós que somos apaixonados pela democracia –, eles entenderam como um senador negro atua nesse mundo tão amplo das políticas humanitárias. Às vezes a gente pega, a gente chora, a gente vai para casa triste, não dorme; no outro dia vem, às vezes tem uma vitória; enfim, faz parte da democracia. Mas, mesmo assim, ninguém inventou no mundo algo melhor que a democracia.”
O senador foi premiado pelo Congresso em Foco 38 vezes desde 2006, quando o prêmio foi criado.
Unanimidade no Congresso
Paulo Paim é um dos homens mais admirados e respeitados na história do Congresso Nacional. Não é exagero. Reverenciado por políticos e eleitores dos mais diferentes espectros ideológicos, o senador vai completar 40 anos de atuação parlamentar ininterrupta: eleito deputado constituinte em 1986, foi reeleito deputado federal para mais três mandatos. No Senado, seu terceiro mandato se encerra em fevereiro de 2027. Ele já disse que será o último, e anunciou sua pré-aposentadoria. Um gigante que dedicou toda a vida para melhorar as condições de vida do povo brasileiro, especialmente dos mais vulneráveis, desprezados, vilipendiados. Um defensor aguerrido dos direitos dos trabalhadores do campo e da cidade, e de todas as minorias políticas.
Nos últimos 16 anos, 10 deles foram à frente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH). Por ser quem ele é, fez do colegiado o mais democrático do Senado. É ali que, verdadeiramente, o povo tem vez e voz. Em inúmeras audiências públicas, movimentos sociais, trabalhadores e excluídos podem expor suas realidades, demandas e reivindicações – sempre amparados pelo senador, atento às formas de solucionar os problemas.
Ciganos, refugiados, jovens, negros, feministas, quilombolas, indígenas, sem-teto, sem-terra, agricultores familiares, atingidos por barragens, sindicalistas, trabalhadores, pesquisadores, estudantes, professores, ambientalistas, pescadores, produtores… A todos Paim recebe com a mesma gentileza que se dirige aos seus pares no parlamento. “Temos o compromisso sim com os mais vulneráveis, combatendo todo tipo de preconceito, sem limite: os idosos, as crianças, adolescentes. O direito a um trabalho decente, à saúde, à educação”, declarou o senador durante reunião da CDH nesta segunda-feira (2/9).
Coerência na teoria e prática
O menino, que começou a trabalhar aos 8 anos vendendo fruta na feira, fez curso técnico no Senai ao mesmo tempo em que se formava no ginásio, virou metalúrgico, líder sindical e um dos maiores parlamentares desse país. Um menino negro que ouviu de seu professor na escola que ele não tinha o direito de sonhar. Um senador negro que aprovou uma das leis mais revolucionárias no combate ao racismo – a Lei de Cotas –, que mudou a cor da universidade pública no Brasil e garantiu à juventude negra seu legítimo lugar no ensino superior.
Paulo Paim é daquele tipo de gente que sabe de qual fibra foi forjado. Que não esquece de onde veio e sabe exatamente para onde vai. Que não veio a passeio. Coerente na teoria e na prática, é autor de mais de mil propostas de cunho social, humanitário, trabalhista e econômico. Viajou o Brasil inteiro para construir uma política permanente de valorização do salário mínimo, baseada na inflação mais PIB. Combateu firmemente a terceirização, o trabalho escravo e a retirada de direitos promovida pelas reformas trabalhistas e previdenciárias. Aprovou projetos que são divisores de águas na história do Brasil, como o Estatuto do Idoso, o Estatuto da Igualdade Racial, o Estatuto da Pessoa com Deficiência e o Estatuto da Juventude.
O legado de Paulo Paim é imenso, como sua alma generosa e seu compromisso verdadeiro com a luta por uma vida digna, plena e feliz para todos e todas. “É com o verbo esperançar que fazemos a nossa caminhada, e quanto mais caminhamos, mais compreendemos que sozinhos não vamos a lugar nenhum”, afirmou Paim.
Biografia
Paulo Paim nasceu em 1950, na cidade de Caxias do Sul, na serra gaúcha. Operário e líder sindical, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores em 1985. Exerce mandatos parlamentares conferidos pelo povo do Rio Grande do Sul desde 1986. Foi considerado o melhor senador do país pelo ranking do site Atlas Político, idealizado por dois doutores de Harvard, em 2016. Foi agraciado com o prêmio Mipad 2020, que seleciona os afrodescendentes mais influentes do mundo, com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU). Paim obteve reconhecimento por sua atuação em defesa dos direitos humanos e pela luta contra todas as formas de discriminação, preconceito e racismo.