Em dez anos, classe média incorporou 35 milhões de brasileiros

Estudo da Secretaria de Assuntos Estratégicos aponta que 80% da classe média são negros.

 

Muito se falou, principalmente no segundo mandato do ex-presidente Lula, quando realmente começaram a se concretizar os resultados de seu governo e das políticas sociais do PT, que a classe média brasileira crescera e se multiplicara. Muito se falou, mas poucos estudos foram realizados para mensurar a real extensão dos benefícios e das mudanças que seu governo havia provocado no Brasil – hoje referência para aplicação em outros países, inclusive nas regiões mais desenvolvidas do globo após a crise de 2008.

Essa incógnita finalmente começará a ter respostas concretas. Segundo o estudo “A Voz da Classe Média, produzido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), órgão ligado diretamente à Presidência da República, com dados do período 2002-2012, 35 milhões de brasileiros deixaram de ser pobres para serem classificados como classe média, elevando o número total de habitantes nessa faixa de renda para 104 milhões de pessoas.

O estudo, que foi apresentado no começo da tarde desta quinta-feira (20), considera classe média as famílias que tenham renda per capta conjunta entre R$ 291 e R$ 1.019 por mês. Entre esses valores, encontra-se mais da metade da população.

Os dados também apontam ainda que quase 80% dos novos integrantes da classe média são negros – percentual que pode crescer nos próximos anos, pois a SAE prevê, para os próximos anos, que 57% da população se situem na faixa da classe média.

“A pobreza no País neste período caiu de 27% para menos de 15% em 2012. A extrema pobreza, que é um dos desafios do governo, passou de 10% da população para menos de 5% da população. Em torno de 18 milhões de empregos foram criados neste período”, informou o Moreira Franco, ministro que responde pela SAE, durante a apresentação.

Redução da pobreza

O  estudo da SAE relata que o Brasil desenvolveu e  implementou um conjunto de programas sociais reconhecidamente eficazes para reduzir a pobreza e promover a inclusão produtiva. “A questão que se coloca neste momento é se esse mesmo leque de programas permanecerá sendo  a melhor opção, agora que a extrema pobreza foi reduzida a menos da metade e a classe média passou a representar mais da metade da população brasileira”, alerta o documento.

A mudança de categoria implica na mudança pela demanda de serviços, particularmente os particulares, como escolas e planos de saúde, por exemplo. Hoje, na classe baixa, por exemplo, apenas  5% têm convênios médicos, contra 24% na classe média.

Outro dado relevante que está sendo considerado pelos técnicos da SAE é que 40% da renda da classe média auferem renda como resultado de seu trabalho. Desses, mais da metade tem carga de trabalha trabalho acima de 40 horas semanais. 

Para chegar a esses números, a SAE utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) e da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), ambas produzidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além dessas, também empregou pesquisas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Instituto Data Popular.

Redução de desigualdades

Para Moreira Franco, a sociedade brasileira está vivendo uma “transformação profunda” com a ascensão de milhões de pessoas à classe média. Esta transformação, segundo ele, não se dá apenas no plano econômico, mas também na adoção de novos valores e atitudes. “É uma mudança  a que nós temos que começar a nos acostumar. Determinadas ações do governo já estão sendo obrigadas a olhar este segmento de uma outra maneira”, diz o ministro. O cidadão deixa de ser objeto de política social para ser objeto de política econômica. Não é mais assistência social que vai garantir a capacidade dessa parcela da população de crescer, de se desenvolver. Temos de ter política econômica que não veja só o BNDES. Temos que ter políticas que vejam a educação financeira, o crédito, a infraestrutura, que cuide da educação, da qualificação e do emprego. São valores que estamos sendo obrigados a incorporar no nosso universo de ação pública”, declarou .

Para Ricardo Paes de Barros, secretário de assuntos estratégicos, o crescimento da classe média brasileira é resultado direto do maior redução da desigualdade social. “Se tivéssemos tido o mesmo crescimento, sem redução das desigualdades, a classe média teria crescido apenas cinco pontos percentuais”, estima ele. “Deste modo, dois terços [66%] do avanço da classe média [nos últimos dez anos] se deve à redução das desigualdades”.

Com informações da SAE e das agências de notícias

Veja a íntegra do Vozes da Classe Média

 

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