Direitos Humanos

Especialistas cobram mais atenção do poder público à doença falciforme

Debate na Comissão de Direitos Humanos do Senado foi sugerido pelo senador Paulo Paim em razão do Dia Mundial de Conscientização da Doença Falciforme, 19 de junho

Senador Paulo Paim com convidadas em audiência na CDH sobre doença falciforme

Especialistas cobram mais atenção do poder público à doença falciforme

Foto: Agência Senado

Especialistas presentes em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos (CDH) cobraram nesta quinta-feira (22/6) mais atenção do poder público às vítimas da doença falciforme. O encontro foi sugerido pelo presidente da CDH, Paulo Paim (PT-RS), pela passagem do Dia Mundial de Conscientização sobre o tema, 19 de junho.

A doença, que não tem cura, mas tem tratamento, se caracteriza pela mutação genética do formato das células vermelhas do sangue, que em vez de moedas se assemelham a foices, dificultando a circulação sanguínea e a passagem de oxigênio o organismo. Entre as complicações, estão anemia crônica e crises de dor.

Comprovada pela primeira vez pelo médico alagoano Jessé Accioly em 1946, a doença falciforme pode ser detectada por meio do teste do pezinho. No Brasil, atinge cerca de 100 mil pessoas — de cada 10 mil nascimentos, há 4 diagnósticos. A doença acomete, em sua maioria, pessoas negras, e tende a ser mais grave de acordo com a condição de vida e do acesso a assistência de saúde do paciente.

“Queremos que a Comissão de Direitos Humanos, na hora de decidir [a destinação de] recursos, tenha um olhar para a comunidade quilombola, para as políticas humanitárias. Essa questão é política humanitária e tem que ter um olhar dessa comissão”, defendeu Paulo Paim.

Segundo a médica hematologista Clarisse Lobo, existem protocolos clínicos para tratar a doença e controlar as infecções dos pacientes, mas há dificuldades de acesso ao tratamento e a medicações.

“Em relação ao protocolo clínico inclusivo, o uso da hidroxiureia, que é o medicamento mais utilizado na doença falciforme, é o padrão-ouro. Mas existe extrema irregularidade na prescrição e dificuldade no acesso, além de dificuldade da adesão do paciente”, afirmou.

Ela lembrou que, no Brasil, a vítima da doença vive, em média, 37 anos a menos do que a população em geral, sendo que entre 5% a 10% das crianças adoecidas morrem até os 5 anos. “Na idade adulta, temos lesão de órgãos em qualquer local onde exista sangue circulando. A pessoa vai ter toda a sua vida modificada, quanto mais crises de dor ela tiver ao longo da vida”, detalhou.

A também hematologista e hemoterapeuta Tereza Cristina Cardoso reforçou a existência de tratamento. “Se ela for bem cuidada, ela vai conseguir ter escolaridade, vai conseguir ter a sua inserção na sociedade, vai conseguir ser uma pessoa com voz ativa na sociedade e vai ser uma pessoa producente, uma pessoa feliz. Isso não é despesa, isso é investimento na população”, disse.

(Com Rádio Senado e TV Senado)

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