Direitos Humanos

Especialistas reconhecem impacto negativo das fake news no Brasil

Após as eleições, as notícias falsas continuam interferindo negativamente na sociedade, afirmou Paim
Especialistas reconhecem impacto negativo das fake news no Brasil

Foto: Alessandro Dantas

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) ouviu nesta segunda-feira (1º) especialistas sobre o impacto das notícias falsas (fake news) na sociedade brasileira. O presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS), lembrou que as notícias falsas chegaram ao seu auge nas últimas eleições. Mas não são apenas políticos que sofrem com a disseminação desse tipo de conteúdo.

Um caso que ficou conhecido, lembrou Paim, foi o da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, que morreu após ter sido espancada por dezenas de moradores de Guarujá, no litoral de São Paulo, em 2014. A revolta dos moradores foi em virtude de informações publicadas em uma rede social, com um retrato falado de uma possível sequestradora de crianças para rituais de magia negra. A dona de casa foi confundida com a criminosa e acabou linchada por moradores.

“Elas [fake news] continuam após esse período [eleitoral] e tem causado enormes prejuízos interferindo negativamente em vários setores da sociedade. Aqui, por exemplo, teríamos de discutir a Previdência e as fake News, a reforma trabalhista e as fake news. Me lembro como se fosse hoje, disseram que com a reforma trabalhista a gente ia gerar 10 milhões de novos empregos e o desemprego aumentou”, disse em referência ao aumento do número de desempregados divulgado na última sexta-feira (29).

Para o professor de Direito Eleitoral e Empreendedorismo, Diogo Rais, as novas formas de comunicação (redes sociais e internet) facilitam a propagação das fake news. Além disso, o fator novidade e a capacidade de gerar assombro, surpresa nas pessoas, além do fator exclusividade de quem compartilha o conteúdo, ajudam a espalhar a mensagem rapidamente.

Na avaliação de Beatriz Barbosa, representante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, uma coisa é o cidadão compartilhar uma notícia falsa que ele recebeu e acabar repassando esse conteúdo sem checar se a informação é verdadeira. Outra coisa são empresas, grupos políticos e sociedades organizadas com o intuito de produzir desinformação e disseminá-lo massivamente na internet.

“Esses grupos precisam ser responsabilizados. É preciso investigar. As denúncias feitas sobre as fábricas de fake news durante o último processo eleitoral até hoje não foram concluídas e não levaram a responsabilização de quem produziu isso. Precisamos cobrar dos agentes que tem os mecanismos de investigação uma celeridade maior”, disse.

Representantes de plataformas como Facebook, Google e Twitter reconheceram a gravidade do problema e apresentaram informações acerca das medidas tomadas pelas plataformas para evitar abusos na distribuição desse conteúdo.

De acordo com Juliana Nolasco, gerente de políticas públicas da Google Brasil, a empresa interrompeu, em média, 6 milhões de anúncios ruins por dia em 2018. Além disso, a cada minuto são acrescentadas cerca de 400 novas horas de vídeo no Youtube. “Precisamos passar grande parte do nosso tempo avaliando esses conteúdos”, destacou.

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