Em longa audiência pública realizada na Câmara dos Deputados nessa terça-feira (28), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, desmascarou diversas notícias falsas divulgadas em redes sociais bolsonaristas em relação a sua atuação na Pasta e desferidas contra o governo Lula.
Durante mais de quatro horas, o ministro respondeu a questões sobre a sua ida ao Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, as ações do governo na tentativa de golpe no 8 de janeiro, além da política do governo para o controle das armas.
O ministro criticou a forma preconceituosa que domina a narrativa bolsonarista sobre um suposto acordo com a organização criminosa do Comando Vermelho para viabilizar a visita de Flávio Dino à comunidade. O ministro esclareceu que a visita ao Complexo da Maré ocorreu após convite de organizações civis para debater a segurança na região.
“É esdruxulo achar normal ir a uma favela em época de eleição e agora quererem criminalizar a minha ida a uma favela como se todas as pessoas daquela comunidade fossem criminosas. Tenho obrigação de reagir a esse preconceito. Foi uma reunião realizada a 15 metros da Avenida Brasil. Antes avisamos a Polícia Civil e a Polícia Militar do Rio de Janeiro, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal. Isso [as insinuações] é um desrespeito com a própria Secretaria de Segurança Pública e as Polícias Civil e Militar do Rio”, disse.
O senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) parabenizou a manifestação do ministro da Justiça e classificou como “inaceitável” a criminalização da pobreza praticada por apoiadores do ex-presidente.
“Parabéns, ministro Flávio Dino pelo desempenho na Câmara dos Deputados. Estamos juntos. É inaceitável a criminalização do povo da favela”, destacou o senador.
O ministro desmentiu ainda as imagens editadas difundidas em redes sociais de que apenas dois carros faziam parte da comitiva do ministro. “Havia mais carros na comitiva. Filmaram apenas os que quiseram e depois divulgaram na internet”, observou.
O ministro explicou ainda porque decidiu apresentar queixa-crime no STF contra parlamentares que o acusaram de ter ligação com o Comando Vermelho. “Uma coisa é fazer questionamento, outra é insinuar uma ligação do ministro da Justiça a uma organização criminosa. Fui juiz federal por 12 anos, deputado federal, senador, governador e tenho 30 anos de vida pública sem um processo criminal sequer. Se eu for chamado de quadrilheiro e não tomar providências, estarei concordando com essas calúnias”, destacou.
A senadora Teresa Leitão (PT-PE) também destacou o que chamou de “falas memoráveis” do ministro da Justiça ao rebater as notícias falsas proferidas por deputados bolsonaristas.
Falas memoráveis do @FlavioDino, ministro da Justiça, hoje ao desmentir série de fake news dos bolsonaristas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Federal. pic.twitter.com/EyHGTjothC
— Teresa Leitão ⭐ Senadora (@teresaleitao_) March 29, 2023
“Flávio Dino desmontou fake news e deixou deputado sem resposta”, também destacou o senador Humberto Costa (PT-PE), presidente da Comissão de Assuntos Sociais (CAS).
Recadastramento de armas
Sobre a política em relação às armas, Flávio Dino ressaltou que é falsa a afirmação de que um maior número de armas nas mãos da população diminui os índices de violência no Brasil.
“Há uma lenda urbana de que a proliferação de armas diminui o crime. Isso é um desrespeito com a as próprias ações das polícias. A diminuição dos índices de criminalidade começou em 2018, antes do “liberou geral” em 2019 (início do governo Bolsonaro), mas voltou a subir em 2020. Na Amazônia, onde o armamento mais cresceu, os índices de violência não diminuíram. Ou seja, não há paralelo entre mais armas e menos violência”, explicou.
O ministro da Justiça e Segurança Pública ressaltou ainda que o governo Lula acabou com o “liberou geral” na comercialização de armas no País atendendo a recomendações do STF. “Não há extremismo da nossa parte, mas responsabilidade no controle de armas. Acabou o “liberou geral”. Cumprimos a decisão do Supremo”, sustentou Flávio Dino.
Ainda sobre esse tema, Flávio Dino ressaltou que o atual recadastramento visa “separar o joio do trigo” entre os possuidores de armas. Ele revelou ainda que o total de armas já recadastradas pelo Ministério da Justiça já ultrapassou o total de armamento cadastrado no País.
Com informações do PT na Câmara