Descaso

Fome continua a assombrar os brasileiros e está mais aguda

Senadores Paulo Rocha e Paulo Paim denunciam: auxílio emergencial não é suficiente para garantir alimentos a quem mais precisa. A desigualdade continua a crescer e os R$ 250 não vão minimizar a crise social, que cresce com o agravamento da pandemia
Fome continua a assombrar os brasileiros e está mais aguda

Foto: Agência Brasil

O agravamento da pandemia e o mergulho do Brasil na recessão econômica – obra da política econômica de Paulo Guedes – estão tornando o quadro social brasileiro mais dramático, com o aumento da desigualdade e da pobreza. Os senadores Paulo Rocha (PT-PA), líder do partido no Senado, e Paulo Paim (PT-RS), voltaram a alertar o país para a piora das condições de vida da imensa maioria do povo brasileiro. Eles voltaram a defender um auxílio emergencial de R$ 600 para minimizar a desigualdade.

Além da inflação e do desemprego – que atingem 14 milhões de brasileiros – a fome está se agravando nas comunidades carentes. A situação é desesperadora. Quase 117 milhões de brasileiros não se alimentam como deveriam. Destes, 19 milhões não tem nem o que comer.

“Os preços dos alimentos não param de subir. Em 12 meses, o arroz ficou 70% mais caro; o feijão, 50%; e a cebola, 69%. Um botijão de gás custa R$ 100. Os pobres são os que mais sofrem. O novo auxílio emergencial é um deboche. O país precisa retomar, no mínimo, o valor original: R$ 600”, disse o líder Paulo Rocha.

O senador Paulo Paim reforça: “O Insper aponta que o novo auxílio emergencial é insuficiente para cobrir despesas mínimas de sobrevivência da população. O valor de R$ 250 representa R$ 62,50 per capita em uma família de quatro pessoas. Esse nível está abaixo da linha de extrema pobreza em todos os estados”.

Pesquisa feita pelo Data Favela, parceria entre o Instituto Locomotiva e a Central Única das Favelas (Cufa), em fevereiro, apontou que, entre os 16 milhões de brasileiros que moram em favelas, 67% tiveram de cortar itens básicos do orçamento com o fim do auxílio emergencial, como comida e material de limpeza.

O auxílio emergencial estava suspenso desde janeiro. Insensível diante do drama de milhões de brasileiros, o governo Bolsonaro anunciou, em 18 de março, os valores da prorrogação do benefício pelos próximos quatro meses. Serão parcelas de R$ 250 para as famílias com mais de uma pessoa ou R$ 375 para aquelas em que só as mulheres são as provedoras. Apenas um benefício será pago por família e, no caso das que contam com uma pessoa, o valor cai para R$ 150.

“Mesquinhar os R$ 600 só reforça o genocídio de Bolsonaro. Tudo está mais caro e o auxílio emergencial que ele impôs sequer garante as compras do mês”, criticou o senador gaúcho. “O povo não consegue trabalhar porque Bolsonaro não comprou vacinas antecipadas. Estavam morrendo devido à pandemia. E agora até de fome”.

O programa do auxílio emergencial aprovado pelo governo vai pagar menos e a um volume menor de brasileiros. Em 2020, ele custou R$ 290,9 bilhões. Agora, o governo vai investir R$ 44 bilhões, conforme o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) aprovado pelo Congresso em 15 de março.

Esses R$ 250 não são suficientes nem para garantir que a família viverá acima da linha de pobreza extrema. As menores linhas de pobreza extrema no país, de acordo com o estudo dos pesquisadores do Insper, é de R$ 87, nas zonas rurais de Rondônia, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá e Tocantins. O valor mensal do benefício representa R$ 62,50 per capita em uma família de quatro pessoas – nível que já a coloca abaixo da linha de extrema pobreza em todos os Estados.

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