Combate a fome

Fome se combate com crescimento e salário mínimo melhor

Em entrevista ao Valor, diretor do Instituto Fome Zero avalia que políticas macroeconômicas para gerar renda ajudarão país a sair do Mapa da Fome mais rapidamente: “O salário mínimo é um farol para todos os salários”
Fome se combate com crescimento e salário mínimo melhor

Foto: Felipe L. Gonçalves

A retomada da política de valorização do salário mínimo pelo governo Lula, após sete anos sem reajuste, é um dos principais instrumentos de superação da miséria, aliada a outras políticas macroeconômicas para gerar renda e emprego, aposta o diretor do Instituto Fome Zero, José Graziano da Silva. Em entrevista ao jornal Valor, nesta quarta-feira (1º), Graziano, que comandou a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), afirma que o governo está no caminho certo para erradicar a fome no país ao investir na recuperação de poder de compra do salário.

Graziano admitiu que eliminar a fome não será uma tarefa fácil, dado o nível de desmonte de políticas públicas e que levaram a um quadro mais grave e complexo do que quando Lula assumiu a Presidência pela primeira vez, em 2003. Mas, desta vez, deve levar menos tempo, uma vez que o governo possui a experiência de programas e ações que já deram certo no país, a exemplo da retomada do Bolsa Família, com condicionalidades como freqüência escolar e vacinação, e a vontade política para restaurar a renda do trabalhador.

“Isso é central”, confirma Graziano. “O salário mínimo é um farol para todos os salários. Quando puxa o salário mínimo, puxa todos os salários de baixo e melhora a distribuição da renda”, argumenta.

“As políticas de segurança alimentar e nutricional não acabam com a fome”, explica Graziano. “O que acaba com a fome é crescer, melhorar salário mínimo, gerar emprego. São as políticas macroeconômicas. As políticas de segurança alimentar e nutricional são coadjuvantes, evitam a situação mais grave, que é morrer de fome, ficar subnutrido”.

Além da destruição de políticas públicas, como o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), reinstalado nesta semana pelo governo, o congelamento da merenda escolar e a quase eliminação do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Graziano estima que o Brasil retrocedeu ainda por causa do aumento da informalidade no trabalho, o que agravou a pobreza.

“O Brasil viu a deterioração da distribuição da renda pelo aumento do trabalho precário, do desemprego, da miséria. Fome é sinônimo de miséria no Brasil. Enfrentar a fome é enfrentar a miséria”, ressalta.

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