Gleisi questiona: “Tem que ter responsabilidade fiscal para a União, mas o estado do Paraná, governado pelo PSDB, pode tudo?”Quando as contas do governo federal são ajustadas ou se reduz o repasse a determinadas áreas, a oposição grita “impeachment” em alto e bom som dentro do Congresso Nacional. No entanto, quando o mesmo ocorre na gestão do tucano Beto Richa, no Paraná, o silêncio é sepulcral, criticou a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Após o Ministério Público do estado recomendar a rejeição das contas de 2014 do governador por uma série de irregularidades, a senadora cobrou coerência do PSDB: que se manifeste também sobre as ações de seu correligionário.
“Espero, sinceramente, que, na segunda ou na terça-feira, um dos dirigentes do PSDB, aqui no Senado da República, suba a esta tribuna, para explicar e para defender o que fez o governador tucano do Paraná”, cobrou Gleisi, nesta quinta-feira (22), da tribuna do Senado.
As denúncias do Ministério Público do Paraná envolvem desde a dívida do governo do estado em relação aos repasses à área da saúde – que desde 2011 somam R$ 1,3 bilhão – e a mudança do resultado das contas estaduais de 2014 de um superávit de R$ 2,4 bilhões para um déficit de R$ 1,1 bilhão. Sobre a alteração no balanço, Gleisi lembrou que a prática foi um crime por ter ocorrido apenas em abril de 2015, quatro meses depois de encerrado o ano-exercício.
“Agora tentam dizer lá no estado que isso é uma ‘pedalada’. Isso não é uma pedalada, isso é uma fraude, isso é crime! Fechou o orçamento superavitário, divulgou isso e agora mudou para não ter problema de suas contas serem reprovadas e ser cassado”, esbravejou a senadora.
Gleisi lembrou que os gritos dos tucanos pedindo o impeachment de Dilma começaram com a mudança do balanço das contas do governo federal, em 2014. Na época, o Executivo enviou ao Congresso uma proposta alterando o resultado que previa superávit primário. Porém, tudo ocorreu dentro da legalidade, pois o pedido de revisão foi feito no passado.
Outro problema do governo do Paraná refere-se aos gastos com pessoal em 2014. Em março deste ano, a despesa prevista era de R$ 15,4 bilhões. Porém, em outubro, o demonstrativo foi republicado para R$ 13,3 bilhões para se adequar ao índice previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal.
“Gostaria de ouvir os líderes aqui – aqui, nesse Senado da República e lá na Câmara dos Deputados –, que tanto bradaram contra a presidenta aqui em relação à discussão das contas do Tribunal de Contas da União”, lembrou a senadora petista.
Para Gleisi, o PSDB faz uma cobrança seletiva, inclusive quando apoia um golpe contra Dilma se aliando ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que responde a inquérito por corrupção envolvendo a Petrobras. “Tem que ter responsabilidade fiscal para a União, mas o estado do Paraná, governado pelo PSDB, pode tudo. Pode, inclusive, mudar orçamento que já foi fechado”, criticou.
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