Gleisi exalta resistência de estudantes contra retrocessos do governo Temer

Gleisi exalta resistência de estudantes contra retrocessos do governo Temer

Gleisi: movimento dos estudantes secundaristas paranaenses realmente está sendo exemplo de resistênciaEm artigo publicado no Blog Esmael Moraes, nesta segunda-feira (17), a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) exalta o vigor dos estudantes na ocupação de mais de 400 escolas só no Paraná contra o desmanche na educação do País. O perigo ao setor se materializa em propostas do governo Temer como a PEC 241, que reduz gastos do governo federal, e na Medida Provisória (MP) 746, que quer fazer a reforma do ensino médio de forma autoritária.

Leia o texto na íntegra:

 

Força, garotada! Estudantes resistem ao desmanche na Educação – Gleisi Hoffmann

No último dia 11, tivemos a honra de receber na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado a jovem Camila Lanes, presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, que, juntamente com representantes de outras entidades, debateu naquele espaço o que significará para a sociedade a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241.

Como se sabe, a PEC do governo limita os gastos públicos à correção da inflação por um período de 20 anos, o que vai atingir severamente os investimentos em áreas sociais, principalmente a saúde e a educação. Na condição de presidente da CAE, não poderia deixar de aproveitar a presença da combativa Camila para parabenizá-la pelo intenso trabalho que os estudantes brasileiros, especialmente os do Paraná, vêm fazendo para denunciar as ameaças à educação do país.

O movimento dos estudantes secundaristas paranaenses realmente está sendo exemplo de resistência não só à PEC 241, mas principalmente à medida provisória de reforma do Ensino Médio. Eu fico bem orgulhosa com isso, porque os estudantes do Paraná, geralmente considerado um estado mais conservador, mais à direita, estão mostrando um grande vigor nessa luta de todos nós. E a Camila, que é paranaense, encabeça com muita determinação esse movimento.

No meu estado, até este domingo, cerca de 440 escolas públicas estavam ocupadas por estudantes que não aceitam a forma açodada como o governo Temer decidiu impor a reforma do Ensino Médio. Entre outras questionáveis mudanças, a MP 746 mexe na grade curricular dos alunos, tornando opcional matérias como sociologia e filosofia. Em outra frente, seis universidades estaduais também foram tomadas em protesto contra o corte de 25% da verba dessas instituições patrocinado pelo governador Beto Richa.

Não é difícil perceber que as forças retrógradas que perpetraram o golpe parlamentar contra a presidenta Dilma estão se articulando para derrubar todos os avanços sociais conquistados nos últimos 13 anos pela classe média e pela população mais pobre. Além dos graves danos à saúde e à assistência continuada fornecida às famílias que vivem na pobreza extrema, não há dúvida de que a PEC 241 colocará em sério risco a educação, em todos os níveis.

Na semana passada, a Agência Brasil, órgão de divulgação do governo federal, informou que cerca de R$ 24 bilhões poderão deixar de ser investidos por ano em educação a partir da vigência da PEC 241. O número faz parte de estudo em elaboração pela Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira (Conof) da Câmara dos Deputados. É isso que nos espera.

A PEC também é uma ameaça ao Plano Nacional de Educação, criado há dois anos pelo governo Dilma. O plano aumenta os investimentos da União para que estados e municípios possam ampliar suas redes de ensino e, dessa maneira, levar cidadania a 3 milhões de crianças e adolescentes em idade escolar que ainda estão fora da sala de aula. Agora, qual será o futuro dessas crianças?

Já fiz aqui referência a uma simulação do economista João Sicsú, professor da URFJ. Segundo ele, se a PEC 241 estivesse em vigor entre 2006 e 2015, o governo federal teria deixado de investir R$ 321 bilhões em educação. Com isso, os governos do PT não teriam conseguido expandir as universidades públicas e os institutos federais de educação e nem investir em programas como o Fies, o Prouni e o Ciência sem Fronteiras. É um dado assustador.

Apesar desse momento de tanta desesperança, também não poderia deixar de prestar minha homenagem aos professores brasileiros, que quase nada puderam comemorar neste 15 de outubro. Tal como fazem os estudantes, a mobilização e luta desses profissionais será fundamental para que nosso país garanta uma educação de qualidade para nossos filhos.

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