Após uma manobra política, a base aliada do governo conseguiu aprovar o regime de urgência para a reforma trabalhista – prevista no PL 6787, em votação na Câmara dos Deputados na noite de quarta-feira (19). Mais do que isso, conseguiu aumentar a temperatura dos ânimos de trabalhadoras e trabalhadores do Brasil.
A votação do requerimento – que já havia sido rejeitado no dia anterior – enfureceu parlamentares da oposição. Para eles, o regimento da Câmara foi desrespeitado, já que uma mesma questão foi apreciada menos de 24h após ser rejeitada: na noite de terça-feira (18), apenas 230 parlamentares foram favoráveis à urgência da matéria, quando eram necessários 257 votos. No dia seguinte, após bronca do governo, a base conseguiu aprovar requerimento idêntico com 287 votos a favor.
A artimanha promovida na Câmara é apenas a ponta do iceberg do caos social que a gestão Temer tem promovido. Os sucessivos atropelos para discutir e aprovar matérias como o congelamento dos gastos públicos por 20 anos, a terceirização irrestrita da atividade trabalhista e, agora, as reformas da Previdência e trabalhista, vem mobilizando ações constantes pelo País.
Diversas categorias estão paralisadas desde o dia 15 de março, quando centenas de milhares de trabalhadoras e trabalhadores foram às ruas em protesto contra o desmonte promovido pelo governo. Desde então, não houve trégua: outra grande mobilização no dia 31 de março e, nesta semana, atos em aeroportos para pressionar deputados a votarem contra as reformas.
Mas o ápice da revolta da população foi a invasão de policiais civis ao Congresso Nacional na terça-feira. Para o senador Paulo Paim (PT-RS), esse é mais um sinal de que o “povo acordou” para os retrocessos do governo e vai para as ruas no dia 28 de abril, quando é esperada uma das maiores paralisações da história do País.
Confira comentário de Paim sobre a manifestação dos policiais:
O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, presente no plenário da Câmara na noite de ontem, acredita que o governo está pagando a fatura do golpe aos empresários que patrocinaram a derrubada da presidenta Dilma, retirando os avanços sociais da última década. “Diante de tal desfaçatez nossa resposta é povo na rua dia 28 de abril com a greve geral que a CUT e centrais sindicais estão convocando”, disse.
Centenário da primeira greve geral
Em julho, fará 100 anos desde a primeira greve geral do País. Na época, o movimento levantava bandeiras como o pagamento de 50% no caso de horas extras.
Além de questões relacionadas ao ambiente fabril, o movimento operário também pautava assuntos como o controle de preços de alimentos e dos aluguéis.
Ouça reportagem sobre o tema produzido pelo Brasil de Fato:
*Com informações da CUT e do Brasil de Fato