Governo Federal lança nesta tarde programa Mais Médicos

Ideia é assegurar presença de profissionais da área de saúde onde médicos brasileiros não quiserem atuar.

Governo Federal lança nesta tarde programa Mais Médicos

“O Governo Federal vai pagar R$ 10 mil por mês
para o médico que participar do programa
Mais Médico”

O programa Mais Médicos, que será lançado na tarde desta segunda-feira (8) vai se dedicar a preencher vagas que os médicos brasileiros não querem ocupar. No programa Café com a Presidenta dessa manhã, Dilma Rousseff antecipou que o Governo Federal vai autorizar a vinda de médicos estrangeiros, que deverão trabalhar exclusivamente nos postos de saúde por um período de 3 anos. A prioridade é conseguir profissionais dispostos a atender as populações das periferias das grandes cidades e regiões carentes do Norte e Nordeste.

“Nós sabemos que os nossos médicos estão comprometidos com a qualidade do serviço público, mas, infelizmente, eles ainda são em número insuficiente para garantir atendimento em toda a rede pública de saúde. Essa falta de médicos é um problema muito sério, que irá ficar mais grave na medida em que aumentamos os investimentos na construção de novas unidades de saúde”, explicou a presidenta. Ela acrescentou que, como alternativa também para aumentar e melhorar o atendimento médico no País, pretende aumentar as oportunidades para os jovens que querem estudar medicina ou fazer uma especialização na área.

As medidas que serão anunciadas na cerimônia do Pacto Nacional pela Saúde – Mais Hospitais e Unidades de Saúde, Mais Médicos e Mais Formação, a prioridade é levar atendimento às periferias das grandes cidades e aos municípios do Norte e do Nordeste. “O pacto pela saúde contempla a aceleração dos investimentos já contratados para melhorar a estrutura da rede pública do Brasil. Estamos investindo R$ 7,4 bilhões na construção, reforma e compra de equipamentos para postos de saúde, Unidades de Pronto Atendimento, as UPAs, e os hospitais. E, no ano que vem, nós vamos investir mais R$ 5,5 bilhões em novas unidades”, explicou.

“Nós já criamos 2.400 novas vagas nos cursos de Medicina, e isso é só o começo, porque nós vamos continuar aumentando as oportunidades para os nossos jovens brasileiros. Estamos abrindo mais 11 mil vagas nos cursos de graduação e 12 mil vagas na residência médica para formar especialistas que estão em falta no Brasil, como pediatras, neurologistas, ortopedistas, anestesistas, cirurgiões e cardiologistas”, ressalta a presidente

Entenda o programa
Haverá um edital nacional para selecionar os municípios que querem receber novos médicos e cada município que participar do Mais Médicos terá que assumir o compromisso de acelerar os investimentos na construção, na reforma, na ampliação das suas Unidades Básicas de Saúde. A presidenta Dilma também ressaltou o novo edital que será lançado nesta segunda e que prevê que os médicos brasileiros também interessados em trabalhar em locais distantes poderão se inscrever e escolher o município para onde querem ir.

“O Governo Federal vai pagar R$ 10 mil por mês para o médico que participar do programa Mais Médico, e esse pagamento será feito pelo próprio Ministério da Saúde. Além disso, pagaremos uma ajuda de custo conforme a região na qual o médico estiver estabelecido. Também o Governo Federal pagará R$ 4 mil para reforçar equipes de saúde integradas por enfermeiros e técnicos de enfermagem”, afirma Dilma.

A presidenta também destacou que médicos estrangeiros que o governo vai contratar serão bem formados e que entenderão a “nossa língua”, para desmontar a ideia preconcebida de que os pacientes mais simples não conseguiram se comunicar com os profissionais “importados”. Ela destacou que entre os profissionais que serão contratados, estarão inclusos médicos brasileiros que se formaram no exterior. Vale lembrar que muitos brasileiros optam por estudar em Cuba, justamente porque a formação médica no país sempre foi muito respeitada.

Vale lembrar que a “importação de profissionais estrangeiros é, na medicina de hoje, um recurso comum em vários países. Na Inglaterra, 37% dos médicos se formaram no Exterior. No Canadá, esse número chega a 22% e, na Austrália, a 17%. No Brasil, o índice atual é de 1,79%.

Mesmo se levarmos em conta apenas a relação paciente/médico de países em desenvolvimento ou mesmo subdesenvolvidos, a média nacional de 1,8 médico por mil habitantes já é considerada uma média baixa. A Argentina registra 3,2, o México 2 e a Venezuela 1,9. Se a comparação é feita com países desenvolvidos, a nossa média cai vertiginosamente. A Alemanha, por exemplo, possui 3,6 médicos por mil habitantes. Ou seja, o Brasil tem cerca de metade dos médicos de que uma nação civilizada necessita.

Independentemente da polêmica que envolve a vinda de médicos estrangeiros, o fato é que faltam profissionais de saúde no País. Como tantos problemas que o Brasil acumula ao longo de sua história, a desigualdade regional tem reflexos diretos na saúde das pessoas.

É verdade que, com 3,4 médicos por mil habitantes, o Distrito Federal e o Rio de Janeiro têm um padrão quase igual ao de países desenvolvidos. São Paulo (com 2,4) também tem uma boa colocação.

Mas 22 Estados brasileiros estão abaixo da média nacional e, em alguns deles, vive-se uma condição especialmente dramática. No Maranhão, por exemplo, o número é 0,58 por mil. No Amapá é 0,76. No Pará, há cerca de 20 cidades que não tem sequer um único médico e outras 30 têm apenas um. “Nós não vamos aceitar profissionais de países onde também haja falta de médicos ou onde a proporção de médicos por habitante seja ainda menor do que nos Brasil. Fora isso, estamos abertos a receber médicos de qualquer país, desde que o profissional seja capacitado”, conclui Dilma.

Déficit
Será fixada a meta de zerar, em 2014, o déficit de 4 mil vagas – s?o cerca de 15 mil os formandos em medicina a cada ano, e 11 mil os postos disponíveis. Ainda assim, muitas das vagas não são preenchidas porque não interessa a muitos formandos se estabelecer em municípios distantes dos grandes centros.

De acordo com esses dados reunidos pelo Ministério da Saúde, o número de vagas para profissionais da área cresceu de 7800 em 1993 para 16.852 em 2011 e o número de inscritos por vaga passou de 25,5 para 41,3 no mesmo período. O que, segundo interpretam os especialistas, significa que, na medicina, o aumento da oferta de formação foi acompanhado pela demanda correspondente. Ou seja, não há razão para os médicos brasileiros falarem em desemprego na categoria. “E não existe nenhum sinal de que haverá saturação do mercado nos próximos anos”, diz o relatório da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde (Segetes) do Ministério da Saúde.

O lançamento do programa está previsto para às 15 horas, no Palácio do Planalto, em Brasília

Com informações do Blog do Planalto e das agências de notícias

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