Recebo cerca de 1.000 mensagens, pelo Alô Senado, mensalmente. Um número, segundo a coordenadoria do serviço, extraordinário. Isso sem contar as mensagens enviadas diretamente via correio eletrônico ([email protected]), twitter (@paulopaim) e facebook (senadorpaulo.paim.5), que totalizam cerca de 4.000 mensagens por mês.
Os principais temas abordados são as marcas do meu mandato: aposentadorias e pensões, fator previdenciário, salário mínimo, previdência social, redução da jornada de trabalho, discriminações, questões referentes aos direitos dos trabalhadores, idosos, juventude, negros, pessoas com deficiência, entre outros.
Respeitar o cidadão e responder os seus questionamentos, inclusive suas críticas, foi um fator decisivo para que outras pautas, que não estavam diretamente ligadas ao mandato, fossem incluídas. O cidadão se sentiu confiante para trazer outras questões, como por exemplo, pesquisas científicas e tecnológicas.
Dezenas dessas mensagens transformaram-se em projetos de lei, audiências públicas, artigos de opinião, notas à imprensa, mensagens nas redes sociais, pronunciamentos, audiências em ministérios, enfim, em reflexões importantes para a construção da relação entre eleito e eleitores.
Sou de origem simples e vim do movimento estudantil dos anos 1960 e do sindical dos anos 1970 e início dos anos 1980. Foi uma bela experiência, mas os anos me ensinaram que precisamos renovar todos os dias nossa sensibilidade. Esse amadurecimento nos leva à novas leituras da política e da realidade.
As questões que envolvem a vida das pessoas foram mudando. As pessoas choram, riem, passam fome, têm dificuldades, e isso traz a convicção de que a política precisa ser humana, solidária. Cada projeto ou iniciativa influencia diretamente a vida dessas pessoas, os seus sentimentos e a forma como escrevem suas histórias.
Os agentes políticos ainda não entenderam a importância desse canal de comunicação. Não compreenderam que as ouvidorias, como o Alô Senado, são canais de ligação, pontes, elos entre o cidadão e os seus eleitos. Os cidadãos querem participar do processo, não querem ser meros coadjuvantes.
Se bem utilizadas, as demandas recebidas pelas ouvidorias são fundamentais para a elaboração de políticas públicas. É aí que está o xis da questão: precisamos assumir essas demandas, analisá-las com muita atenção, discutindo sua viabilidade e todas as possibilidades que elas nos trazem, para que sejam utilizadas em planos de governos, em mandatos parlamentares, na própria agenda do Congresso Nacional.
Os gritos das caminhadas de junho do ano passado ainda estão ecoando. Será que nós entendemos os recados das ruas? Estamos dando o efetivo retorno? A democracia acontece não somente na hora do voto. Ela precisa ser uma relação reinventada entre o eleitor e os eleitos todos os dias.
Texto originariamente publicado nos sites Brasil 247 e Sul 21