CPMI do Golpe

Houve ataque efetivo contra a democracia, e fatos não podem ser negligenciados, aponta Rogério

Colegiado recebe nesta semana o fotógrafo da Reuters Adriano Machado e o hacker Walter Delgatti Neto. Tentativa de venda de joias nos EUA também deve entrar no radar das investigações

Alessandro Dantas

Houve ataque efetivo contra a democracia, e fatos não podem ser negligenciados, aponta Rogério

Senador Rogério Carvalho acredita que depoimento de Walter Delgatti Neto trará informações relevantes para a investigação

A CPMI do Golpe ouve na próxima quinta-feira (17/8) o hacker Walter Delgatti Neto, preso desde o último dia 2, suspeito de invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O depoimento promete ser o mais importante da semana para o avanço das investigações, já que ele afirma ter sido contratado pela deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) para incluir documentos no sistema judicial e tentar invadir urnas eletrônicas.

Na avaliação do senador Rogério Carvalho (PT-SE), membro da CPMI, a oitiva do hacker é fundamental, diante dos elementos que comprovam a utilização de seus conhecimentos em favor de uma tentativa de ataque ao regime democrático.

“Essa oitiva é muito importante. Ela trata da tentativa de violação das urnas eletrônicas para constituir o argumento de que poderia haver fraude na eleição, que era a base para a tese de intervenção militar ou de ruptura democrática. O Walter Delgatti foi um dos instrumentos utilizados por bolsonaristas para consolidar essa tese golpista”, disse o senador, em entrevista ao jornal PT Brasil.

Antes disso, os parlamentares ouvem na terça-feira (15/8), o fotógrafo da agência internacional de notícias Reuters. No dia dos ataques golpistas, o profissional estava a trabalho na sede do Congresso Nacional, e registrou a violência dos criminosos. Bolsonaristas que integram os trabalhos da CPMI tentam desviar o foco das investigações acusando o fotógrafo de ser um agente infiltrado e que teria incentivado a depredação do patrimônio público.

“O Adriano esteve lá, filmou, registrou e viu o que aconteceu. Ele é uma testemunha ocular. Ele estava, no momento, cobrindo o ato e registrou o que houve no 8 de janeiro. É mais uma fragilidade que eles [bolsonaristas] têm e, portanto, vão tentar desqualificá-lo”, alertou o senador Rogério Carvalho.

O parlamentar ainda ressalta que, após os primeiros depoimentos terem desmontado a tese de que o governo Lula teria sido negligente e facilitado o acesso à Esplanada dos Ministérios no dia 8 de janeiro, os oposicionistas tentarão encontrar novos caminhos para obstruir a investigação.

“Eles vão continuar ainda mais desesperados. Porque programaram um golpe de Estado no Brasil, não conseguiram e promoveram um ato terrorista no dia 8 de janeiro. Não podemos negligenciar os fatos e os elementos que mostram a efetivação de um ataque contra a democracia brasileira”, afirmou o senador Rogério Carvalho. 

Escândalo das joias de Bolsonaro no alvo da investigação

A base governista na CPMI do Golpe deve focar, nesta semana, sua atenção em Michelle e Jair Bolsonaro. Isso porque a comissão volta a se encontrar, pela primeira vez, após a operação da Polícia Federal que trouxe novos elementos e personagens para o escândalo de contrabando de joias oferecidas como presentes ao Estado brasileiro.

O parlamentar adiantou, em entrevista à GloboNews, que vai pedir a retenção dos passaportes de Jair Bolsonaro e Michele Bolsonaro após revelação da tentativa de venda ilegal de joias nos EUA.

“CPMI do Golpe vai pegar fogo”, resumiu o deputado federal Rogério Correia (PT-MG), também titular da comissão.

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