O vereador bolsonarista Sandro Fantinel, de Caxias do Sul (RS), que ofendeu trabalhadores nordestinos encontrados em condições análogas à escravidão, terá que se entender com a Justiça. Na noite de segunda-feira (28), o senador Humberto Costa (PT-PE) anunciou que entrou com uma representação contra o parlamentar, junto ao Ministério Público do Rio Grande do Sul, para apurar crime de racismo.
“Além disso, também estou entrando com uma representação junto ao MPT [Ministério Público do Trabalho] por danos morais coletivos. O Nordeste merece respeito! Não vamos permitir que tamanha agressão fique impune”, afirmou Humberto em postagem no Twitter.
Os mais de 200 trabalhadores ofendidos por Fantiel foram resgatados de um alojamento em Bento Gonçalves. Eles afirmaram terem sido extorquidos, ameaçados, agredidos e torturados. Nada disso, no entanto, sensibilizou o vereador, que fez discurso xenofóbico contra o povo da Bahia – a maioria dos resgatados é daquele Estado.
Os trabalhadores foram contratados por uma empresa terceirizada (Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde Ltda) para a colheita da uva em vinícolas do Rio Grande do Sul.
Para o senador Paulo Paim (PT-RS), a terceirização da atividade-fim potencializa a exploração da mão-de-obra. “Sabemos que muitas pessoas estão sendo exploradas em condição análoga ao trabalho escravo. De cada dez resgatados, nove são terceirizados. Não estou generalizando, mas deve haver a devida fiscalização dessas empresas”, disse.
Em discurso ontem no Senado, Paulo Paim (PT-RS) afirmou que a fala de Fantaniel não representa o povo gaúcho. “Esse vereador deveria pedir desculpa da tribuna da Câmara de Caxias do Sul ao povo baiano. Houve um crime cometido por uma empresa terceirizada”, afirmou.
Denúncias
Um dos resgatados afirmou que ele e os colegas receberam promessas de salários superiores a R$ 3 mil para trabalhar na colheita da uva, além de terem direito a acomodação e alimentação. Porém, acabaram enfrentando atrasos de pagamentos, violência física, longas jornadas de trabalho e até mesmo a oferta de alimentos estragados.
Os trabalhadores ainda narraram à emissora RBS TV situações em que sofriam espancamentos, choques elétricos, tiros de bala de borracha e ataques com spray de pimenta.