Jorge Viana: “Esse clima não ajuda em nada e colabora para piorar tudo”O senador Jorge Viana (PT-AC) ocupou a tribuna, nesta quinta-feira (10), para chamar as lideranças de todas as correntes à responsabilidade e alertar para as consequências do acirramento do clima político no País. Ele destacou os esforços da presidenta Dilma para restabelecer a normalidade e seguir com o mandato conquistado nas urnas, assim como a movimentação de setores do Judiciário e do Congresso Nacional, e lamentou que outros segmentos tenham investido tanta energia em insuflar as hostilidades.
“Esse clima não ajuda em nada e colabora para piorar tudo. Alguns falam que o PIB diminuiu 3,8% no ano passado, sendo 2% por conta da Lava Jato. Talvez seja o preço que vamos ter de pagar, com desemprego, com inflação alta, com o enfrentamento, por uma ação que visa combater a corrupção”, pondera Viana, que advoga a busca de uma saída que não penalizasse tão duramente a população.
Ele lembra que, ao mesmo tempo em que é importante dar uma resposta aos cidadãos que se revoltam com os desvios éticos, é preciso também preservar as condições para o bem-estar e a prosperidade. “Será que a única resposta é essa?”. Viana citou o ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio de Mello, que alertou para o risco de o clima de hostilidades acabar por produzir um cadáver. “O ministro dizia que estava havendo abuso de autoridade. O ideal seria que o Conselho Nacional de Justiça e o Conselho Nacional do Ministério Público se manifestassem”, afirmou o senador, referindo-se às medidas tomadas no âmbito da operação Lava Jato, como a condução coercitiva do ex-presidente Lula.
“Estão calados, talvez esperando que as ruas possam chegar a alguma conclusão. E nas ruas o que vamos ter são confusões, não conclusões, enfrentamentos, não um diálogo”. Não tenho dúvida de que está havendo exagero, está havendo uma ação parcial, mirada contra um partido, contra um determinado segmento que atua na política”. O senador lembra que a estrutura de relação promíscua de poder econômico com poder político, com uso de dinheiro público, é algo que o País experimenta há muitos anos e talvez seja chega a hora de chamar a todos os que estejam implicados nessas relações a prestar contas”.
Para o senador, o clima das últimas semanas talvez seja o mais tenso vivido pelo País, desde a redemocratização. “Estamos diante de uma situação contraditória: nunca tivemos tão alto nível de inclusão social, de crescimento econômico, de desenvolvimento, de melhoria dos nossos indicadores, do nosso prestígio junto à comunidade internacional como aconteceu nos últimos anos. Esses avanços, porém, vêm sendo ofuscados, no último ano e meio, pelo mau humor, pelo enfrentamento, pela hostilidade entre correntes. Há mais de cem anos o Brasil não faz guerra com ninguém. E alguns agora apostam numa guerra entre nós mesmos, brasileiros e brasileiras”.
Leia mais:
Gleisi quer tornar públicos todos os processos da Lava Jato que forem vazados