O Brasil de Bolsonaro trouxe a fome de volta para o Brasil. Além de devolver o Brasil ao Mapa da Fome, estudos comprovam que cada vez mais famílias não conseguem se alimentar adequadamente no país.
Levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (PENSSAN), divulgado nesta quarta-feira (14) mostra que, em número absolutos, 125,2 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar. Além disso, três em cada dez famílias brasileiras enfrentam algum nível de falta de alimentos e passam fome.
“Este é um dos cenários mais cruéis do legado deste governo para o Brasil. O povo tem que escolher qual refeição fará no dia. Isso quando há o que comer. É preciso urgentemente retomar o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional [Consea], extinto por Bolsonaro, e outras políticas para garantir o mapeamento e soluções para quem passa fome no país. É preciso ter pressa para ajudar quem mais precisa”, disse o senador Paulo Rocha (PA), líder do PT no Senado.
Na mesma linha, o economista Bruno Moretti explica que o quadro atual de fome e insegurança alimentar no Brasil se explica pela completa ausência de políticas de abastecimento e de estoque estratégico de alimentos que pudesse amenizar a situação. Além disso, a inflação elevada para os alimentos torna ainda mais complicada a situação da população mais vulnerável.
“Essa situação da insegurança alimentar é fortemente marcada pelos equívocos do governo Bolsonaro. Apesar da melhora recente, temos um mercado de trabalho ainda com forte desemprego, cerca de 10 milhões de desempregados, quase 40 milhões dos empregados em situação de informalidade e, além disso, uma inflação elevada, especialmente para os alimentos. E esse é um problema para o qual o governo não apresentou solução. Não temos políticas de abastecimento ou de estoque estratégico de alimentos para mitigar a situação. O reflexo disso é o aumento da pobreza e da fome”, resumiu.
O senador Paulo Paim (PT-RS) também destaca o fato de que os números apontados pela pesquisa mostram claramente que algo está errado nas ações de combate à fome do atual governo. “É obvio que algo está errado. O atual governo se omite. Não há efetivamente políticas públicas de combate à fome e à miséria. O cenário é de total desumanidade. Josué de Castro, na obra Geografia da Fome, escrita em 1942, alertava que a fome não é obra do acaso, e, sim, de um silêncio premeditado”, disse.
“Combater a fome a miséria é decisão política. É compromisso com a vida. Durante os governos do PT, o Brasil saiu do Mapa da Fome. Isso é fato. O Brasil precisa se reerguer, voltar aos níveis de dignidade humana, de bem-estar, de fome zero, de justiça social, de respeito aos direitos humanos e de crescimento e desenvolvimento”, emendou o senador Paim.
Os pesquisadores responsáveis pelo levantamento afirmam que a luta contra a fome no país não deve envolver apenas o pagamento do programa Auxílio Brasil. De acordo com a análise, o Governo Federal precisa se preocupar com outras questões. Um dos pontos, por exemplo, é a situação do endividamento das famílias. Quando estes brasileiros recebem alguma ajuda financeira, eles acabam tendo que gastar com as dívidas. Eles também defendem uma preocupação maior com o salário-mínimo. O atual governo foi o responsável pelo fim da política de valorização salarial criada pelos governos do PT.
Outro dado assustador do levantamento é o de que a fome assola, em maior grau, os lares nos quais residem crianças com menos de dez anos. 37,8% dos domicílios onde moram essas crianças enfrentam insegurança alimentar grave ou moderada, ou seja, passam fome ou têm uma dieta insuficiente. O percentual é sete pontos maior do que a média nacional, de 30,7%, quando levados em conta todos os domicílios.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH), senador Humberto Costa (PT-PE), afirmou que o governo Bolsonaro conseguiu acabar com uma das conquistas mais simbólicas dos governos do PT, que foi tirar o Brasil do Mapa da Fome da ONU.
“De todas as conquistas do PT, talvez a mais simbólica tenha sido tirar o Brasil do Mapa da Fome. Garantir que uma pessoa possa se alimentar dignamente, que possa dar comida a seus filhos é algo que restaura a base da dignidade humana. Bolsonaro arrastou o país para o abismo, devolveu a fome ao povo, fome que adoece e mata, fome que ele tem o descaramento de negar. Derrotar Bolsonaro é, sobretudo, derrotar isso: a miséria, a insensibilidade e a fome que ameaça mais da metade dos brasileiros”, declarou.