Internacional

Lula: “Quando deveríamos falar de crescimento, emprego e renda, estamos falando em guerras”

Encontro com presidente do Egito, Abdel Fattah Al-Sisi, tratou do conflito na Faixa de Gaza, de mudanças na governança global, entre outros temas

Ricardo Stuckert/PR

Lula: “Quando deveríamos falar de crescimento, emprego e renda, estamos falando em guerras”

“Quando deveríamos falar de crescimento, emprego e renda, estamos falando em guerras”

O presidente Lula se reuniu, nesta quinta-feira (15), com o presidente do Egito, Abdel Fattah Al-Sisi, no Cairo. Além de assinarem acordos nas áreas de agricultura, ciência e tecnologia, os dois líderes discutiram a guerra na Faixa de Gaza, a necessidade de reforma da governança global, o combate à fome e à pobreza, entre outros temas.

Após o encontro, os dois presidentes fizeram uma declaração à imprensa. Lula iniciou afirmando que seu retorno ao Egito ocorre em um “momento importante da política mundial”, numa referência às guerras em Gaza, na Ucrânia e em outras regiões.

“Num momento em que deveríamos estar falando no aumento da produção de alimentos para o mundo, num momento em que a gente deveria estar falando em crescimento econômico, distribuição de renda e geração de empregos, nós estamos falando em guerras”, lamentou Lula.

O presidente acrescentou que os conflitos armados são decididos “da forma mais insana possível” e trazem “morte, destruição e sofrimento”. Ele lamentou que a Organização das Nações Unidas (ONU) não tenha “força suficiente para evitar que essas guerras aconteçam, antecipando qualquer aventura, porque a guerra não traz benefício a ninguém”.

Lula disse que espera contar com o apoio do Egito nas discussões sobre a necessidade de reforma dos órgãos de governança global. “E o que é lamentável, presidente, é que as instituições multilaterais que foram criadas para ajudar a solucionar esses problemas, elas não funcionam. Por isso, o Brasil está empenhado, esperamos contar com o apoio do Egito, para que a gente consiga fazer as mudanças necessárias nos órgãos de governança global”, afirmou Lula.

Ele defendeu, por exemplo, que haja a abertura de espaço para que outros países possam participar do Conselho de Segurança da ONU. “Outros países da África, outros países da América Latina participando. É preciso que tenha uma nova geopolítica na ONU. É preciso acabar com o direito de veto dos países. E é preciso que os membros do conselho de segurança sejam atores pacifistas, e não atores que fomentam a guerra”, enfatizou.

Gaza

Ao falar especificamente sobre a guerra na Faixa de Gaza, Lula voltou a condenar o massacre de mulheres e crianças, no enclave palestino, pelas forças de Israel.

“O Brasil foi um país que condenou de forma veemente a posição do Hamas no ataque a Israel e ao sequestro de centenas de pessoas. E nós condenamos e chamamos o ato de ato terrorista. Mas não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel, a pretexto de derrotar o Hamas, estar matando mulheres e crianças, coisa jamais vista em qualquer guerra que eu tenha conhecimento”, afirmou Lula.

“De qualquer ângulo que se olhe, a escala da violência cometida contra os 2 milhões de palestinos em Gaza não encontra justificativa. Sempre vimos o Egito como um ator essencial na busca de uma solução para o conflito entre Israel e Palestina”, prosseguiu o presidente. Segundo ele, “é urgente estabelecer um cessar-fogo definitivo que permita a prestação de ajuda humanitária sustentável e desimpedida, a imediata e incondicional liberação dos reféns”.

Lula disse também que o Brasil é terminantemente contrário a tentativas de deslocamento forçado do povo palestino. “Por esses motivos, entre outros, o Brasil se manifestou em apoio ao processo instaurado na Corte Internacional de Justiça pela África do Sul. Não haverá paz sem um Estado palestino, convivendo lado a lado com Israel, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas”, disse o presidente.

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