Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome dos dois mandatos de Dilma Rousseff (2011-2016), a economista Tereza Campello voltou a criticar o programa Auxílio Brasil. Em sessão temática no Senado realizada nesta segunda-feira (22) para debater a PEC dos Precatórios, também conhecida como PEC do Calote, a ex-ministra afirmou que “o Auxílio Brasil é uma excrescência, mal desenhado”. E observou que o suposto “novo Bolsa Família” foi apresentado ao Congresso sem que nenhum estudo fosse realizado para justificar por que se extinguiu com um programa de 18 anos para se colocar “esse pastel de vento no lugar”.
O debate faz parte da tentativa da Casa de chegar a uma solução de consenso e viabilizar o pagamento do benefício, criado pelo governo Bolsonaro para tentar apagar uma marca dos governos do PT elogiada no mundo e, ao mesmo tempo, melhorar sua popularidade em 2022. Mas chance de a PEC passar no Senado como foi aprovada na Câmara é praticamente zero. A base governista pretende votar o texto nas próximas duas semanas. O Auxílio Brasil começou a ser pago na semana passada.
“Corte raso e cego”
A ex-ministra Tereza Campello tem insistido ser injustificável que, segundo suas contas, das 43,9 milhões de famílias que recebiam o Auxílio Emergencial e Bolsa Família, 29 milhões tenham sido excluídas de qualquer programa federal, sem nenhum critério. “É disso que estamos falando. Um corte raso. Essas famílias foram excluídas sem que ninguém avaliasse se estão passando fome, se conseguiram emprego ou não. Essas famílias foram eliminadas num corte raso e cego”, criticou.
Ela sugeriu um estudo sério para identificar essas famílias excluídas de qualquer assistência, para apurar o que está acontecendo com elas e ter instrumentos sobre como lidar com a realidade. Propôs ainda que essas famílias sejam incorporadas ao programa no ano que vem. “Pessoas estão indo para a fila e lhes é dito ‘volta em março’. O que elas vão comer até março?”, questionou Campello.
Os senadores Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), José Aníbal (PSDB-SP) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) apresentaram propostas alternativas diferentes entre si, para serem debatidas na Casa, em resposta à considerada escandalosa PEC aprovada na Câmara.