A rejeição do nome de Guilherme de Aguiar Patriota no Plenário é a mais grave, mas não é a primeira bordoada da oposição aos quadros da diplomacia brasileiraA diplomacia — e a falta dela — está na ordem do dia na política de ressurreição da guerra fria levada a cabo pela oposição no Senado. No início da noite desta terça-feira (19), o bloco oposicionista, aliado a setores do PMDB, rejeitou o nome do ministro de primeira classe do Itamaraty Guilherme de Aguiar Patriota, indicado pela presidenta Dilma Rousseff como embaixador do Brasil à Organização dos Estados Americanos (OEA). Com um placar de 38 votos “não” e 37 votos “sim”, esta foi primeira vez que a Casa rejeitou um diplomata de carreira indicado para o cargo de embaixador.
“É um fato lamentável que estamos presenciando neste instante, no plenário do Senado da Republica”, protestou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), integrante da Comissão de Relações Exteriores (CRE), o cenário do arremedo de guerra fria armado pela oposição. “Rejeitar uma indicação é prerrogativa da Casa e exercê-la faz parte da soberania do Senado. Mas lamento que tenhamos usado a nossa soberania para rejeitar um embaixador de carreira, com uma trajetória e estaturas comprovadas”, afirmou Cristovam Buarque (PDT-DF).
Campo de batalha
Na última quinta-feira (14), durante a sabatina de Patriota na Comissão de Relações Exteriores, o diplomata já havia provado o clima de campo de batalha da guerra fria em que se converteu o colegiado, sob a presidência do tucano Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). Ele foi bombardeado pelos oposicionistas com perguntas que muitas vezes cobravam uma opinião do candidato a embaixador sobre governos estrangeiros, como a Venezuela, numa demonstração de desconhecimento dos limites e posturas exigidos da diplomacia. Como Patriota não entrou no jogo, a aprovação de seu nome na CRE teve o resultado mais apertado dos últimos tempos: sete votos “sim”, oito votos “não”.
A rejeição do nome de Patriota no Plenário é a mais grave, mas não é a primeira bordoada da oposição aos quadros da diplomacia brasileira. No dia 7 de abril, por iniciativa da bancada do PSDB, a Comissão de Relações Exteriores suspendeu as sabatinas dos indicados para as embaixadas do Brasil no Togo, Mali e Guiné Equatorial, causando grande constrangimento aos diplomatas, todos já presentes à reunião, sob o pretexto de que seria preciso “conhecer o custo de manutenção” das embaixadas e o “retorno econômico” que geram para o País.
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