Oposição no Senado rejeita pesar e compara Chávez a Hitler

Um voto de pesar pela morte do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP), provocou discussões no plenário do Senado na tarde desta quarta-feira (06). A oposição, liderada pelo senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), se recusou a apoiar a condolência. O presidente Hugo Chávez lutava contra um câncer desde 2011 e passou por tratamento em Cuba. Morreu na tarde desta terça-feira (5), aos 58 anos, na capital Caracas.

Nunes chegou a comparar Chávez ao ditador nazista, Adolf Hitler. “Ora, Hitler também foi eleito. Adolf Hitler foi eleito Presidente, Primeiro-Ministro, ou, não me lembro que nome tinha isso, essa função de chefe do Governo da Alemanha, por procedimentos democráticos. Hugo Chávez foi eleito também depois de ter tentado dar um golpe militar, foi eleito também. Mas, já ao jurar a Constituição, ele mesmo disse que jurava uma Constituição moribunda, e ele acabou de matar a Constituição da Venezuela”, disse o tucano ao acrescentar que “abomino” o que Chávez representa, chamando-o de “liberticida”.

Randolfe reagiu de imediato, seguido pelos senadores Walter Pinheiro (PT-BA) e Eduardo Suplicy (PT-SP). E, depois pelo líder do PT e do Bloco de Apoio ao Governo na Casa, Wellington Dias (PI), que defendeu a ida do senador do Psol a Caracas para representar o Parlamento brasileiro no velório do presidente venezuelano. “A comparação à suástica nazista talvez caiba mais a outros, a quem desaloja sem-terras, a quem desaloja sem-tetos, a quem pratica atos e arbitrariedade, a quem tem posições deste tipo”, alertou Randolfe.

Senador Suplicy reagiu às
declarações do senador tucano

“Em verdade, enquanto Chávez foi eleito diretamente pelo povo, Hitler nunca foi eleito diretamente pelo povo alemão. Ele era o presidente de um partido, ele praticamente impôs, com a proibição de outros partidos, que Hindenburg, o Chanceler, o designasse para Führer, mas ele não foi eleito diretamente, como o foi. Hitler só submeteu a fusão das funções de chanceler e presidente do Reich a plebiscito, criando a figura do Führer, depois de aniquilar os comunistas e proibir todos os demais partidos, exceto o nazista, de existir”, completou Suplicy.

Walter Pinheiro acrescentou que Hugo Chávez cumpriu um papel importante como dirigente consolidado pelo povo da Venezuela, lembrando que as últimas eleições ocorrem com lisura e dentro da normalidade. “É importante essa posição do Senado, com as condolências, no pesar”.

Os senadores do Bloco do Governo também apoiaram a iniciativa do voto de pesar e reagiram às críticas da oposição. “Nunca um país teve tantas eleições diretas como teve a Venezuela. Isso é falta de democracia? Nunca um país fez uma eleição tão importante, com um debate nacional tão profundo, para eleger uma Assembléia Nacional Constituinte como fez a Venezuela. Isso é falta de democracia? É claro que não é falta de democracia”, atestou Vanessa Graziottin (PCdoB-AM).

“Ele [Chávez] submeteu o seu mandato a um referendum revogatório, o que é um caso único na América Latina. É um grande democrata e a morte de Hugo Chávez teve uma repercussão global. O mundo todo se manifestou. As lideranças políticas se manifestaram. Portanto, eu acho que merece sim o nosso respeito e a nossa admiração”, acrescentou João Capiberibe (PSB-AP).

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