Mandado de Segurança

Oposição quer anular projeto que abre céus do País aos EUA

Parlamentares denunciam desrespeito ao processo legislativo na aprovação de projeto. “As empresas que estão aqui não vão ter condições de competir em pé de igualdade com as norte-americanas”, alerta Lindbergh
Oposição quer anular projeto que abre céus do País aos EUA

Foto: Carlos Alkmin/Agência Brasil

Parlamentares do bloco de Oposição ingressaram com Mandado de Segurança junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar a promulgação do acordo sobre transportes aéreos entre Brasil e Estados Unidos (PDS 5/2018), aprovado recentemente pelo plenário do Senado, por descumprir o processo legislativo.

No documento, o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), e os senadores Paulo Paim (PT-RS) e Roberto Requião (MDB-PR) pedem que o projeto tramite novamente pelo Senado. Os parlamentares relataram uma série de desrespeitos à Constituição Federal e ao Regimento Interno cometidos na tramitação do PDS 5/2018.

Dentre os flagrantes desrespeitos ao processo legislativo estão: a não observância do quórum mínimo para deliberação de propostas em plenário e o cerceamento do debate.

Apesar de o projeto tramitar em regime de urgência, permitindo o descumprimento de requisitos como o cumprimento de prazos regimentais, o quórum mínimo para deliberação deve ser observado. No caso, para aprovação, o projeto deveria receber o apoio de metade mais dos presentes. Sendo que o quórum mínimo para votações dessa natureza é de 41 parlamentares. Na oportunidade, apenas seis senadores estavam presentes ao plenário.

“O senador Roberto Requião pediu verificação de quórum, com o expresso apoiamento do senador Paulo Paim, da senadora Vanessa Grazziotin e o meu apoio. O requerimento oral não foi aceito, por ter o então senador que presidia a Mesa declarado que só havia dois apoiamentos, quando, na verdade, havia os três necessários”, denuncia Lindbergh.

No STF, o Mandado de Segurança recebeu a relatoria do ministro Celso de Mello.

O que diz o projeto
O PDS 5/2018, aprovado pelo plenário do Senado, cria um novo marco legal para a operação de serviços aéreos entre os dois países.

De acordo com o governo, a intenção é promover o sistema de aviação internacional baseado na livre competição e com o mínimo de interferência e regulação governamental.

Mas, na avaliação do líder do PT no Senado, o acordo pode ser prejudicial ao Brasil por promover a desnacionalização do setor e a perda de empregos. “As empresas que estão aqui não vão ter condições de competir em pé de igualdade com as empresas norte-americanas. O acordo consagra a lógica de mercado nos serviços aéreos bilaterais. São as empresas que vão decidir quantos voos farão, quanto cobrarão. O Estado regulador brasileiro some”, alerta.

Já o senador Roberto Requião destaca o fato de a política de “céus abertos”, como ficou conhecido o PDS 5/2018, “escancara” o espaço aéreo nacional “para os interesses comerciais das grandes companhias aéreas norte-americanas e para os objetivos de segurança do Estado dos EUA, em detrimento do bem público e do interesse do País”.

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