O presidente Lula determinou, nessa quarta-feira (8), a criação de um grupo de trabalho para estudar a reversão do processo de extinção da Ceitec, estatal fabricante de chips e condutores criada em 2008.
O decreto, publicado no Diário Oficial da União, estabelece uma comissão interministerial, liderada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
O intuito é atualizar o modelo de gestão da Ceitec, revertendo o processo de desestatização e adequando a empresa ao novo plano nacional de desenvolvimento da indústria de semicondutores e microeletrônica.
“Uma extraordinária notícia o decreto do presidente Lula. Essa empresa é a única da América Latina que atua na fabricação de chips e semicondutores. Não podemos abrir mão dela. A Ceitec é fundamental para o desenvolvimento econômico, tecnológico e social do Brasil, gerando também emprego e renda. Estamos falando de soberania”, destacou o senador Paulo Paim.
Em junho de 2021, a recomendação pela extinção da empresa, que fica localizada em Porto Alegre, foi formalizada pelo conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), sob a alegação de que, apesar de aportes de R$ 800 milhões em duas décadas, a estatal ainda depende de injeções anuais de pelo menos R$ 50 milhões para cobrir a diferença entre receitas e despesas.
Números do próprio PPI projetavam, no entanto, que essa diferença deixaria de existir até 2028, mesmo no cenário mais pessimista. E essa trajetória pode ser acelerada para um balanço positivo na metade do tempo estimado, segundo os trabalhadores da Ceitec, que chegaram a levar ao governo anterior um plano para manter a estatal de tecnologia funcionando.
Logo após ser anunciada como ministra do MCTI, Luciana Santos afirmou que o governo do presidente Lula pretendia retomar o funcionamento da Ceitec.
“A gente não pode ter um grau de dependência de vários insumos e produtos, entre eles de semicondutores. Então nós vamos retomar, sim, a fábrica de semicondutores no país pela importância estratégica que isso tem para a nossa soberania nacional”, disse, ainda no período de transição.
O grupo terá 120 dias para entregar as conclusões sobre o futuro da Ceitec – o prazo pode ser prorrogado.
A Ceitec fabrica, além dos chips, etiquetas eletrônicas e sensores, que são utilizados em meios de pagamento eletrônico como cartões ou aparelhos de pagamento rápido em estacionamentos e pedágios.