O episódio político mais importante da semana na avaliação do senador Paulo Paim (PT-RS) foi o anúncio por parte de parlamentares governistas da suspensão do trâmite das reformas trabalhista e previdenciárias devido ao ambiente de instabilidade política gerada com a delação dos empresários do grupo JBS envolvendo Aécio Neves e Michel Temer. “Isso, para mim, deveria ser a foto – se eu tivesse poder sobre a mídia – na capa dos jornais. Isto, para mim, é o que há de mais importante. Isto é o que interessa”, resumiu.
O senador comemorou a atitude dos relatores Ricardo Ferraço (Trabalhista) e Artur Maia (Previdência) em reconhecerem a ausência de clima para discussão das reformas no Congresso Nacional e apontarem o caminho de discussão acerca da crise institucional, moral e ética que envolve o Parlamento. “Queiramos ou não, tivemos um senador afastado do mandato e familiares seus presos. O caminho do bom senso, da inteligência, da coerência é esse. Tirar essas duas reformas”, avaliou.
Em conversas reservadas, Paim relatou a intenção de parlamentares governistas demonstrarem pouca disposição em apoiar a votação das reformas trabalhista e previdenciária. Renan Calheiros (PMDB-AL) e Valdir Raupp (PMDB-RO) são dois dos senadores citados por Paim como parlamentares contrários aos textos. Por isso, o senador defende a necessidade de um tempo maior para discussão das propostas, ao contrário do que deseja o Planalto.
“Inúmeros senadores disseram: ‘como está, eu não voto’. Quero agradecer a setores de inúmeros partidos aqui do Senado, que desde o primeiro momento disseram: ‘o Senado não é uma Casa carimbadora’. Aqui será diferente”, disse sobre o pedido de Michel Temer para que o Senado aprovasse a reforma trabalhista (PLC 38/2015) sem alterar o texto enviado pela Câmara.
Sobre a reforma previdenciária, ainda na Câmara dos Deputados, o senador que preside a CPI da Previdência, voltou a afirmar que inexiste um déficit. Na verdade, para ele, ocorrem erros de gestão, organização, fiscalização e um combate efetivo à fraude no intuito de que o dinheiro dos cofres da Previdência Social não seja destinado para outros fins.
“Essa briga eu travo há mais de 20 anos, sempre dizendo a mesma coisa: [a Previdência] não é deficitária, não é deficitária. E todos me dizendo que não é bem assim, não é bem assim. Por isso instalamos a CPI, e a CPI está mostrando isso”, disse.