“Ninguém vai tirar a Copa do Mundo do Brasil”. A garantia é do senador Paulo Paim (PT-RS) que, em pronunciamento ao plenário nesta sexta-feira (21) mostrou-se preocupado com as especulações sobre o cancelamento da Copa do Mundo pela FIFA. “Espero que a FIFA nos responda sobre isso”, disse.
Senador gaúcho considera intromissão |
Citando o Portal 247, que divulgou informações dando conta de que a Inglaterra teria avisado aos organizadores do Mundial que está pronta para promover o campeonato, caso se decida que a “convulsão” no Brasil possa prejudicar a segurança dos torcedores ou dos próprios jogadores e equipe técnica, o senador disse: “Fifa, você impôs muita coisa aqui no Brasil. Mas não, não acontecerá isso (a transferência da Copa para a Inglaterra). Nós faremos a Copa aqui. Ou a FIFA vai devolver os R$30 bilhões que investimos na Copa do Mundo? A FIFA vai nos responder? Não é só responder. Ela vai nos devolver os R$30 bilhões? Os estádios estão prontos. Isso é fato, é real”.
E, dirigindo-se aos organizadores do Mundial, assegurou: “Não, FIFA! Você impôs muita coisa aqui no Brasil. Você impôs a qualidade dos estádios; você impôs a questão da bebida – que nós éramos contra; você impôs a questão da meia-entrada – que nós queríamos garantir, e você era contra. Agora não venha com discurso fácil sobre um ato democrático e legítimo da juventude brasileira, que sai, pelos campos, pelas estradas, pelas cidades, pelas universidades, fazendo seu legítimo ato de protesto, exigindo mais investimento em educação, em saúde, em habitação, no transporte, na distribuição de renda. É legítimo. E nós resolveremos aqui dentro. Não precisa vir a Inglaterra dizer que a Copa será agora lá, porque no Brasil a democracia é plena”
O senador gaúcho lembrou os tempos duros de ditadura por que o Brasil passou. “E não vai ser a FIFA e nem sequer a Inglaterra – que eu acho, inclusive, que foi deselegante com o Brasil a nos impedir, num momento como esse, em que nós estamos a discutir mais avanços para um povo que teve melhorias, sim, nos últimos 12 anos. Eu poderia até dizer nos últimos 20 anos. Mas esse povo entende que podemos avançar mais. E é legítima a mobilização, e não tem que vir nem FIFA, nem a Inglaterra dizer se agora a Copa vai ser ou não vai ser”, protestou.
Sem violência
O senador gaúcho também falou sobre as manifestações. Disse que o Movimento Passe Livre (MPL) soltou uma nota dura contra a quebradeira ocorrida nesta quinta-feira em diversas cidades, contra a truculência, contra a violência, dizendo que aquele não é o MPL, não é o Movimento do Passe Livre.
“É um movimento, segundo dizem aqui, de oportunistas e até de fascistas. Estão se referindo àqueles que estão fazendo quebra-quebra”. Explicou. Ele aplaudiu os que promovem as manifestações de forma pacífica.
Referindo-se ao tom pacífico das passeatas, que tem sido maioria, disse que, embora completamente diferente dos movimentos que fizeram com que ele mesmo e outros líderes sindicais se consolidassem como lideranças políticas, o senador gaúcho, que surgiu da militância operária, previu que, as ruas hoje ocupadas possam surgir novos líderes. “Quem sabe até, esteja já nas ruas o próximo presidente ou presidenta da República”, previu, recordando que, em outros tempos, a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula participaram de passeatas de protesto. “Não sou daqueles que pregam o apocalipse”, disse, esclarecendo que manifestações populares não o assustam e nem deveriam assustar quem defende a democracia plena que hoje está consolidada no Brasil.
Giselle Chassot