Entre 2003 a 2010 foram assassinados mais de 250 índios em Mato Grosso do Sul, sem que os culpados fossem julgados e punidos. O caso mais recente foi a execução do líder Kaiowá-Guarani Nísio Gomes, vítima de uma atentado na última sexta-feira. “O Brasil não pode assistir calado ao extermínio de uma Nação indígena”, alertou o senador Paulo Paim (PT-RS), em discurso proferido na tarde desta quarta-feira, no Senado Federal.
O senador apelou à presidenta Dilma Rousseff, ao Ministério da Justiça e à Secretaria Especial dos Direitos Humanos pela rigorosa apuração desses crimes e pela adoção de medidas que coíbam a violência contra a população indígena da região. “A situação é muito grave. Não podemos ficar olhando enquanto a Nação Kaiowá vai sendo dia a dia dizimada”.
Paim anunciou a realização, na próxima sexta-feira, às 9 horas, de um ato na Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul em solidariedade ao povo Kaiowá-Guarani, “vítima de verdadeiro genocídio”. A manifestação está sendo organizada pelos movimentos sociais, entidades não governamentais e governamentais do estado.
O crime
Segundo o senador, a situação ainda é muito tensa na região. O cacique Kaiowá-Guarani Nísio Gomes foi vítima de uma emboscada na manhã do dia 18 de novembro, nas proximidades do acampamento Tekoha Guaiviry, na Terra Indígena Amambaipeguá, município de Amambai. Um grupo de homens armados invadiu o acampamento, atirou na líder indígena e levou seu corpo numa caminhonete. Uma criança e uma mulher indígenas também desapareceram.
“Há muito tempo a região é palco de conflitos entre os interesses dos índios e das empresas de agronegócio”, denunciou Paim, que atribuiu a constante violência contra a população indígena do MS à “a morosidade do processo de demarcação das áreas indígenas e das ações judiciais”, que acirram conflitos agrários com produtores rurais do estado e leva os índios a tentar a “retomar seus territórios por conta própria”.