Paim: “Parece-me que há um movimento para fortalecer a previdência privada”O senador Paulo Paim (PT-RS) demonstrou preocupação, nesta terça-feira (17), em plenário, com a decisão do presidente em exercício, Michel Temer, de extinguir o Ministério da Previdência. Paim explicou que parte das atribuições que cabiam à pasta extinta serão remanejadas para o Ministério da Fazenda, fato que preocupa o senador. “Todo mundo sabe, que lá são números e economia de mercado, sem preocupação alguma com a questão humanitária”, disse.
Segundo Paim, com essa decisão do governo interino fica a impressão de que o mercado é que vai cuidar da Previdência. “E quando eu falo mercado, eu já lembro da previdência privada”, enfatizou. “Parece-me que há um movimento para fortalecer a previdência privada, então não tem mais o Ministério da Previdência, da Previdência Pública”, emendou.
O vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), em aparte, corroborou as palavras do senador Paulo Paim e disse que os homens públicos não podem transformar 200 milhões de habitantes em números. “Eu fico realmente preocupado – e aqui não há uma crítica velada a economistas, dirigentes. O Brasil paga meio trilhão de dólares de juros por ano, e não entra ninguém capaz de mudar essa forma. Um país inteiro trabalha apenas para pagar os maiores juros do mundo”, destacou.
Segundo Viana, é de fato preocupante que um ministério como o da Previdência, “que pode dar tantos serviços para quem tem um problema de saúde, precisa de uma assistência por um acidente de trabalho”, ir para um endereço que só pensa em números, “que não enxerga as pessoas, que não vê a vida; só vê números, vermelhos e azuis”.
“Isso me deixa muitíssimo preocupado. O último lugar para o qual o Ministério da Previdência poderia ir é o Ministério da Fazenda”, opinou.
Paulo Paim ainda anunciou que realizará, no âmbito da Comissão de Direitos Humanos (CDH), que preside, um ciclo de debates para ouvir dos responsáveis pelo setor no atual governo, “qual a intenção que eles têm ao acabar com o Ministério da Previdência.? Vou querer ouvir o Ministro do Trabalho. Já que se fala tanto, como nós falamos, da questão do desemprego, qual é a proposta para combater o desemprego? ”, questionou.
O senador também anunciou que pretende, em breve, ouvir representantes da área da saúde. Outro ponto de preocupação do governo interino, citado pelo senador, é a fala do ministro da Saúde, Ricardo Barros, que disse, em entrevista, ser necessário repensar direitos garantidos constitucionalmente, como o direito universal à saúde.
“Daqui a pouco o SUS vai ter problemas e, se estava ruim antes, pior vai ficar. É importante ouvir para não ficar a crítica pela crítica. Vou fazer um ciclo de debate para dar oportunidade para que os ministros coloquem seu ponto de vista. Espero que eles compareçam a esse ciclo de debate”, disse.
Outros debates que o senador anunciou que pretende fazer são com os representantes das áreas da educação, trabalho e direitos humanos. “Quero chamar alguém que fale da luta contra os preconceitos. Eu quero chamar alguém que fale, enfim, pela diversidade. Eu quero chamar alguém que fale sobre as pessoas com deficiência. Por isso, é que farei esse encaminhamento”, explicou.
Leia mais:
Brasil da inclusão social que ganhou respeito internacional pode desaparecer
Especuladores reduzem reservas cambiais em US$ 1,1 bilhão na véspera do golpe