PT defende que investigação de denúncias considere, além dos negócios da Petrobras, outras destinações de recursos públicos
Humberto: órgãos de investigação têm |
O líder do PT, Humberto Costa (PE), defendeu em plenário, nesta terça-feira (1º), a ampliação dos objetos de investigação de eventual Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vier a funcionar na Casa. O parlamentar discursou depois da apresentação de questão de ordem feita pela senadora Gleisi Hofmann (PR) para contestar, sob a alegação de vícios insanáveis, requerimento apresentado pela oposição para criação de CPI.
“Que não tenhamos CPI ou que façamos a CPI mais ampla”, disse o senador. O PT apresentou requerimento para abertura de uma CPI que também investigue, além dos negócios da Petrobras, como reivindica a oposição, irregularidades nas obras metrô de São Paulo, no Porto de Suape relacionadas à Refinaria Abreu e Lima e nos repasses de recursos federais para aquisição de equipamentos de informática. “Estamos procurando investigar as situações que envolvem dinheiro público federal, uma responsabilidade do Congresso Nacional”, justificou.
Ao citar as frustradas tentativas de investigação das irregularidades apontadas nas obras no metrô de São Paulo pela Assembléia Legislativa estadual, onde os tucanos têm maioria e já enterraram mais de 70 pedidos de abertura de CPI, Humberto cobrou coerência dos parlamentares oposicionistas. “Só quando um argumento interessa para o meu objetivo, eu defendo no plenário?”, estranhou a postura da oposição. “Nosso entendimento é de que se busca apenas a disputa política. Portanto, nós vamos fazer a disputa política no lugar certo, sem usar uma empresa para isso”, acrescentou.
Humberto Costa defendeu o trabalho que está sendo encaminhado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), pela Controladoria-Geral da União (CGU), pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal por considerar que uma investigação feita pelo Congresso Nacional não vai trazer nada de novo. “Todos os instrumentos para uma boa investigação estão nas mãos dos órgãos aqui listados”, comentou. “Nossa postura não significa medo, receio do que vier a ser apurado em relação à Petrobras, permanece o requerimento antes apresentado.”
O líder da bancada citou a CPMI do Cachoeira que funcionou no ano passado, que demandou tempo e recursos para no final terminar com um relatório de somente duas páginas, sem o pedido de indiciamento de qualquer acusado. A CPI do contraventor Carlinhos Cachoeira funcionou por oito meses; realizou 32 reuniões; aprovou 275 requerimentos; convocou 109 pessoas para prestar esclarecimentos, além de quatro convidados; quebrou 92 sigilos bancários; 91 sigilos fiscais e 88 sigilos telefônicos. Dos 40 depoimentos agendados, no entanto, 24 se recusaram a responder às perguntas dos parlamentares.