O bom desempenho na área social e a pujança econômica do Brasil, hoje sexta maior economia do mundo, não conseguiram sanar “uma ferida aberta”, que é o déficit de saneamento básico. O alerta é do senador Paulo Paim (PT-RS). “Exibimos números lamentáveis. O pior de tudo é que essa questão trágica ainda causa a morte de cerca de 2 mil pessoas por ano, fora outros graves prejuízos que traz para todo o País”, afirmou o senador, em discurso ao Plenário, na tarde desta quarta-feira (20/06).
Segundo o Sistema Nacional de Informação para o Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades, 57% da população brasileira não têm esgoto coletado e menos de 35% do volume do esgoto recolhido recebem tratamento. “Isso equivale a dizer que 80 milhões de pessoas que vivem nas cidades ainda não dispõem de coleta de esgotos e que no total chegaríamos a 95,3 milhões de brasileiros que não recebem ainda esse serviço tão básico quanto essencial e fundamental para a saúde da nossa gente”, afirmou Paim.
Paim destacou a correlação entre a falta de saneamento e a incidência de doenças na população. “Associado à pobreza, o problema afeta mais a população de baixa renda, em conjunto com outros riscos, como a subnutrição e a higiene inadequada”. Ele citou um estudo da Organização Mundial de saúde segundo o qual 1,6 milhão de pessoas morreram, em 2004, de males associados a sistemas de água e esgoto inadequados e deficiências com higiene.
Segundo senador, o Sistema Único de Saúde gasta, anualmente, R$161 milhões com internações por infecções gastrointestinais e o País gasta R$547 milhões em remunerações referentes às horas não trabalhadas por funcionários acometidos por essas infecções todos os anos. “Se essas doenças causam tamanho prejuízo econômico ao País, atender a toda a população com serviço de água e esgoto traria ganhos econômicos importantes, além, claro, de salvar vidas”.