Seis mil pessoas expulsas de suas casas, 1.600 moradias destruídas. Cães de estimação mortos a tiros, ainda presos pelas coleiras. Geladeiras, móveis e utensílios esmagados pelos tratores. Bombas de gás lacrimogêneo disparadas até contra igrejas. Há um mês, são muitos os relatos sobre a truculência policial contra os moradores do Pinheirinho, comunidade desalojada pela PM paulista, no último dia 22 de janeiro, de uma área pertencente à massa falida de uma empresa do conhecido especulador Naji Nahas.
Na versão do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), a violência teria sido resultado da disposição da comunidade de resistir à ação policial de reintegração de posse, determinada pela Justiça de São Paulo — apesar da ordem judicial exarada pelo Tribunal Regional Federal, que vedava a intervenção da PM na área. “Havia um clima preparado pelos militantes. Gente com escudos improvisados, capacetes e pedaços de cano”, afirmou o senador tucano.
Durante a audiência pública da Comissão de Direitos Humanos do Senado que discutiu a ação da polícia no Pinheirinho, Ferreira classificou a violência policial de “reação” à mobilização dos moradores. “O correto teria sido sair pacificamente da área”, afirmou, para indignação de Deivid Washington Furtado, baleado nas costas durante a desocupação. “Eu estava saindo pacificamente e levei um tiro”, protestou.
O senador tucano enalteceu a “longa tradição de respeito aos Direitos Humanos” da PM paulista e reiterou a explicação que vem sendo repetida pelo governo de São Paulo desde o dia 22 de janeiro: “Havia uma ordem judicial de reintegração de posse. No Estado de Direito, ordens judiciais têm que ser cumpridas”. “Há formas e formas de se cumprir uma ordem judicial”, rebateu o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF). “Além do mais, sabemos que é comum que se cumpram algumas ordens e se descumpram outras”.
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