Pinheiro cobra socorro a contaminados por chumbo

O senador Walter Pinheiro (PT-BA) reclamou da demora do Governo Federal em solucionar os problemas, da população de Santo Amaro da Purificação (BA), provocados pela contaminação por chumbo, que há 50 anos faz vítimas na região. O senador se disse revoltado, principalmente depois que pediu providências pessoalmente à presidenta Dilma Rousseff, em maio passado.

Ao tomar conhecimento do caso, Dilma determinou ao secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, “providências imediatas”, o que, segundo o senador baiano, ainda não aconteceu. “Eu e o senador Paulo Paim (PT-RS) temos feito diversas cobranças aos ministérios. Essa semana mesmo, voltei a pedir o empenho do Governo, mas ainda não obtive uma resposta”, reclamou Walter Pinheiro.

O senador tem reivindicado um plano de atendimento à cidade, que inclui o tratamento de saúde de milhares de moradores contaminados pelo chumbo, atendimento previdenciário para os doentes e parentes das pessoas que morreram em virtude da contaminação, criação de infraestrutura para recuperação das áreas mais contaminadas e recuperação do meio ambiente. Para pesquisadores, os custos para todos esses serviços chegariam a R$ 300 milhões. Mas, segundo o senador, com R$ 100 milhões muita coisa já poderia ser feita. O senador já se propôs a, inclusive, incluir uma previsão para esses recursos no orçamento de 2012 e no próprio Plano Plurianual (PPA).

Problema
Desde 1960 a cidade de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, convive com a contaminação por chumbo. Nesta época, foi instalada na cidade a Companhia Brasileira de Chumbo (Cobrac). Em 1993 a empresa foi fechada, mas deixou um rastro de problemas no local. Hoje, a cidade guarda mais de 500 toneladas de resíduo de chumbo, a céu aberto.  Durante 30 anos, a multinacional Cobrac produziu e comercializou 900 mil toneladas de liga de chumbo e gerou 3 milhões de toneladas de rejeitos, abandonados no meio ambiente, e cerca de 300 mil toneladas de escória com alta concentração de chumbo (pó).

Sem saber dos perigos que o material oferecia à saúde humana e animal, prefeitura e população utilizou parte dos rejeitos na construção de moradias, estradas, escolas e pavimentação da cidade. O material exposto se espalhou no solo e na água do rio Subaé, que acabou arrastando o metal pesado para a Baía de Todos os Santos.

Santo Amaro já contabiliza 271 mortes provocadas pela intoxicação pelo metal, além de mutilações, alterações genéticas, doenças respiratórias e saturnismo – doença que afina os braços, paralisa as mãos, provoca dores agudas, causa impotência sexual nos homens, aborto nas mulheres e má formação fetal. Por causa do excesso de metais na água e no solo, outras doenças como anemia, câncer de pulmão, lesões renais, hipertensão arterial, doenças cérebro-vasculares e alterações psicomotoras também foram identificadas.

Ouça a entrevista do senador Walter Pinheiro

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Eunice Pinheiro

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