Por todo o país, o povo foi às ruas, participou de eventos suprapartidários, acompanhou a leitura de manifestos pela democracia. As duas principais cartas, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), juntaram entidades e pessoas de todos os matizes. De sindicatos de trabalhadores a empresários da agroindústria. Houve caso de escola que suspendeu aulas para que alunos pudessem participar dos atos públicos. Nesse 11 de agosto, multidões deram um basta contra qualquer ameaça ao processo democrático no Brasil.
Líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA) confessou-se emocionado com a quantidade de gente em nome da democracia. “O Estado Democrático de Direito é inegociável. Por urnas eletrônicas e um país livre de ditadores. Não é por uma ideologia, é por uma Nação”, pregou Paulo Rocha.
Artistas fizeram coro. Numa peça que se espalhou pelas redes sociais, Fernanda Montenegro, Caetano Veloso, Camila Pitanga, Anitta, Lázaro Ramos, Chico Buarque e muitos outros leram a Carta redigida na USP que reafirma a confiança no processo eleitoral brasileiro e a segurança das urnas eletrônicas, e classifica como intoleráveis as ameaças aos demais poderes e a setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional.
“Grandes nomes da cultura brasileira fizeram a leitura da carta pela democracia. Hoje é dia de mobilização nacional! Vamos à luta em atos realizados em diversas cidades do Brasil. Em tempos de ameaça, seremos resistência! #EuDefendoADemocracia”, escreveu Fabiano Contarato (PT-ES).
“Bolsonaro sai. Democracia fica”. Humberto Costa (PT-PE) ajudou a espalhar a palavra de ordem do dia pelas redes sociais. O senador participou, em Recife, do ato público de leitura de manifesto democrático na Faculdade de Direito.
“É muito importante que a sociedade se organize, gente de todos os segmentos e setores possam se manifestar, para que possamos impedir aquilo que é a grande aspiração de Bolsonaro, que é ter pretextos para não reconhecer o resultado da eleição e tentar no Brasil a ruptura com a democracia, com as instituições e com a Constituição”, acrescentou o senador.
A sequência de ameaças à democracia por parte de Bolsonaro vem desde muito antes dele concorrer ao Planalto. Mas, na cadeira presidencial, incentivou manifestações antidemocráticas, ameaçou ministros do STF, fez tanques militares cruzarem a Praça dos Três Poderes, afirmou não mais obedecer a determinações do Judiciário, e, numa cruzada particular, tenta enxovalhar o sistema eleitoral brasileiro, inclusive entre embaixadores. Não poucas vezes, colocou em xeque a realização das eleições de 2022.
A reação às bravatas veio em cerca de 50 cidades brasileiras, e até no exterior. Jean Paul Prates (PT-RN), líder da minoria no Senado, afirmou que a articulação é uma “resposta da sociedade civil aos arautos das trevas”.
“A democracia brasileira foi uma árdua conquista do nosso povo. Nossa democracia ainda jovem, incompleta e imperfeita, mas foi fruto de muito luta. Se ainda lutamos, diariamente, para assegurar direitos aos excluídos, é porque queremos ir em frente. Não permitiremos retrocessos!” – gritou o senador. Para Jean Paul Prates, o povo nas ruas apontou um caminho diferente do que Bolsonaro gostaria de impor: “o país – desigual, contraditório e tantas vezes injusto – quer construir o futuro, a solidariedade, os direitos e oportunidades para todos. A liberdade só pode existir à luz do sol e da democracia.”
Também do Rio Grande do Norte, a senadora Zenaide Maia (Pros) elogiou o movimento de diferentes setores da sociedade em defesa do Estado de Direito.
“Que bonito ver a sociedade brasileira se unindo hoje, #DIADOESTUDANTE , em apoio à #Democracia e contra o autoritarismo que ameaça não reconhecer a vontade popular manifestada nas urnas eletrônicas. Nossa Democracia foi conquistada com muita luta e não abriremos mão dela!”, completou a senadora.
A Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito, produzida na USP e que já alcança quase um milhão de assinaturas de apoio, foi também citada por Paulo Paim (PT-RS), que publicou o link para o documento.
“A democracia é um processo constante. Está no fortalecimento das instituições, na soberania do voto, no avanço da participação popular e das diversidades políticas, culturais e sociais, no respeito aos direitos humanos”, defendeu o senador.
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