Sem anistia

Povo vai às ruas por democracia e punição a terroristas

A noite de segunda-feira foi marcada por manifestações democráticas em todo o Brasil e por marcha de chefes dos Poderes em Brasília
Povo vai às ruas por democracia e punição a terroristas

Foto: Gabriela Moncau

No filme “Boleiros – Era Uma Vez o Futebol”, produzido em 1998 e dirigido por Ugo Giorgetti, o personagem vivido por Lima Duarte, um treinador do Palmeiras, provoca a mulher interpretada por Marisa Orth: “Você não sabe o que é um Palmeiras e Corinthians”. Imagine agora a explosão do encontro dessas duas torcidas gritando juntas o mesmo refrão. Foi o que aconteceu nesta segunda-feira (9) na Avenida Paulista, em São Paulo, no Ato pela Democracia.

Numa única voz, dezenas de milhares de manifestantes gritaram em defesa do Estado Democrático de Direito e pediram punição aos terroristas que, na véspera, invadiram e demoliram instalações nos palácios dos Três Poderes, em Brasília. Atos como o da capital paulista, organizados em menos de 24 horas por movimentos sociais, se espalharam pelo Brasil e transmitiram um claro recado: a população não aceita manifestações golpistas e apoia a determinação dos chefes dessas instituições, que mais cedo se comprometeram a apurar e punir os responsáveis pelo vandalismo.

A posição do Executivo, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) ecoa desde o domingo. Reuniões dos chefes das instituições e notas de repúdio foram seguidas de ações que resultaram no desmonte de acampamentos golpistas, na detenção dos bolsonaristas radicais para averiguação, na identificação em série dos baderneiros para que sejam responsabilizados criminalmente e na intervenção na área de segurança pública do Distrito Federal e afastamento do governador Ibaneis Rocha, então responsável pelo policiamento que não evitou – até incentivou – a ação terrorista no domingo.

Foto: Ricardo Stuckert

Mas a noite de segunda-feira foi carregada de simbolismos. Além da união de duas torcidas historicamente rivais em torno de um lema maior, uma caminhada do Palácio do Planalto até o prédio do STF, feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, auxiliares, governadores de estado, parlamentares e ministros do Supremo, mostrou ao país que a democracia está acima de eventuais divergências e projetos diferentes de país. Provou, também, que essas instituições não temem o golpismo de uma minoria e que, de mãos dadas, mantêm o Estado em pé. Enquanto isso, nas ruas, um povo que passou 4 anos sem largar a mão de ninguém abraçou uma Brasília e uma democracia agredidas.

O senador Humberto Costa (PT-PE) comentou os dois movimentos. “Os cães ladram enquanto a democracia passa”, anotou sobre a marcha dos chefes de instituições na Praça dos Três Poderes. O Senador elogiou a rápida articulação e mobilização popular contra o fascismo, o terrorismo e o golpismo.

“Tivemos uma demonstração cabal nas ruas do que foi atestado por pesquisas de opinião, que a esmagadora maioria do povo brasileiro condena o terrorismo bolsonarista e seus terroristas, e defende a paz e a ordem no país, encarnadas pelos reiterados gestos do presidente Lula em unir o Brasil para reconstruí-lo”, reiterou.

A união também se manifestou em torno de uma expressão que a cada dia ganha mais força entre os brasileiros que pregam a responsabilização de golpistas: “Sem anistia!” A palavra de ordem, gritada na Paulista por corintianos e palmeirenses, foi a mais ouvida na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte; na esquina Democrática, em Porto Alegre; na Cinelândia, no Rio de Janeiro; e em outras 12 capitais e várias outras cidades brasileiras nessa segunda-feira. O líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), sintetizou essa urgência nacional.

“Não apenas as instituições, mas a sociedade está dando uma resposta clara: não aceitará terrorismo. Nossa sociedade jamais será destruída por criminosos travestidos de manifestantes. A democracia vive e os golpistas, de todas as instâncias, responderão e pagarão por seus atos”, finalizou o senador.

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