Educação

Prêmio reconhecerá reportagens que tratem da cultura negra

Proposta do líder do PT, Fabiano Contarato (ES), cria o Prêmio Luiz Gama no Senado, que será entregue anualmente a jornalistas que tratarem do tema
Prêmio reconhecerá reportagens que tratem da cultura negra

Fabiano Contarato é autor do projeto que cria o Prêmio Luís Gama, no Senado, e homenageia jornalistas que escrevem sobre a cultura negra. Foto: Alessandro Dantas

Matérias jornalísticas que tratem da riqueza da cultura negra poderão ser valorizadas no Senado Federal. Uma proposta nesse sentido (PRS 117/2019), de autoria do líder do PT, Fabiano Contarato (ES), foi aprovada nesta terça-feira (23/5) pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte.

O projeto cria, no Senado, o Prêmio Luiz Gama, que será entregue anualmente e homenageia jornalistas que escrevem sobre a cultura negra no país. O texto segue agora para a Comissão Diretora do Senado.

Luiz Gonzaga Pinto da Gama ajudou a libertar, por vias judiciais, mais de 500 pessoas da escravidão. Hoje, é reconhecido como Herói da Pátria e como Patrono da Abolição da Escravidão no Brasil, além de ter recebido da Ordem dos Advogados do Brasil o título de advogado, 133 anos após sua morte. Foi ainda jornalista e escritor.

Nascido em Salvador, na Bahia, em 21 de junho de 1830, filho de pai branco e de mãe negra livre, Luiz Gama foi feito escravo aos 10 anos. Mais tarde, conquistou judicialmente a própria liberdade. O “advogado dos escravos” não logrou a formatura em direito, em razão do preconceito racial.

“Um dos temas de maior importância é a valorização da cultura negra em nosso país, a qual foi relegada à marginalização tanto no período escravocrata quanto após a libertação promovida pela Lei Áurea. Diante disso, é necessário prestigiar trabalhos jornalísticos que explorem a riqueza da cultura negra”, justificou Contarato no texto original do projeto.

“Ao promover a premiação, faremos a nossa parte em identificar as tão necessárias iniciativas jornalísticas  sobre esse assunto, proporcionando a criação de um ciclo virtuoso de divulgação. Premiar reportagens que jogam luz nessas situações de interesse geral da sociedade brasileira é estimular a produção jornalística comprometida e de qualidade, reconhecendo também a importância do jornalismo social”, acrescentou.

A importância da matéria foi destacada pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, Paulo Paim (PT-RS). Segundo ele, a imprensa tem um papel fundamental de combate ao racismo. Ele citou, como exemplo, a cobertura jornalística feita nos casos de racismo sofridos pelo jogador do Real Madrid Vini Jr na liga espanhola de futebol.

“Os profissionais da imprensa serão premiados pelas obras que construírem em artigos, matérias que tratem da questão racial. Ao autor e à relatora, meus aplausos. Vem num momento mais do que propício. O mundo todo está chocado com o que vem acontecendo na Espanha”, disse Paim.

Celebração ao bom jornalismo

Segundo a relatora da matéria, senadora Jussara Lima (PSD-PI), o projeto também é uma oportunidade de celebrar o bom jornalismo em prol de causas que visam o bem comum.

“Se a atividade jornalística foi importante no passado, podemos dizer que hoje é ainda mais relevante, quando o seu uso deturpado em favor de interesses específicos e o fenômeno das fake news assombram o nosso país”, destaca a relatora.

A indicação dos candidatos e candidatas ao Prêmio Luiz Gama será feita pelos senadores e senadoras.

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