Operação Constituição Cidadã

Prisão de Silvinei mostra que não há ninguém acima da lei, afirmam senadores

Suspeito de coordenar ação para impedir eleitores de chegarem aos locais de votação, sobretudo da região Nordeste, Silvinei Vasques foi preso na manhã desta quarta-feira (9/8). Ele também deve retornar à CPMI do Golpe

Alessandro Dantas

Prisão de Silvinei mostra que não há ninguém acima da lei, afirmam senadores

Silvinei Vasques durante depoimento à CPMI do Golpe. Cena deve se repetir em breve

Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), foi preso na manhã desta quarta-feira (9/8), em Florianópolis, no âmbito da operação Constituição Cidadã. Para os parlamentares do PT no Senado, a prisão é mais uma evidência contundente das tentativas de interferência nas eleições do ano passado.

De acordo com a Polícia Federal (PF), integrantes da PRF teriam direcionado recursos para dificultar o trânsito de eleitores em 30 de outubro, dia do segundo turno das eleições, sobretudo no Nordeste, região em que o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva teve maioria dos votos no primeiro turno.

“A prisão de Silvinei Vasques mostra que não há absolutamente ninguém acima da lei. Também não há margem na nossa Constituição Federal para os que tentam atentar contra o Estado Democrático de Direito ou contra processos reconhecidos e legítimos”, declarou o líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES).

Ainda segundo a PF, os fatos investigados “configuram, em tese, os crimes de prevaricação e violência política, previstos no Código Penal Brasileiro”.

“A prisão de Silvinei Vasques é mais uma evidência contundente das tentativas de interferência nas eleições de 2022. No entanto, é preciso reforçar que ele não atuou isoladamente e que cada decisão teve o aval daqueles que buscavam se manter no poder”, destacou o senador Rogério Carvalho (PT-SE).

Além da prisão do ex-diretor-geral da PRF, também são cumpridos dez mandados de busca e apreensão em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Rio Grande do Norte.

“No dia da eleição, denunciamos bloqueios nas estradas e a tentativa de proibir nordestinos de votar. Tentaram de várias formas corromper o processo eleitoral, mas não conseguiram. Bolsonaro perdeu e hoje o ex-diretor da PRF que comandou a ação foi preso. A justiça começa a ser feita”, destacou o senador Humberto Costa (PT-PE).

Um dos mandados é contra o ex-corregedor-geral da PRF Wendel Matos, responsável pelo arquivamento das denúncias de blitze direcionadas. À época, a PRF chegou a fazer uma investigação interna sobre a atuação irregular da corporação a mando de Vasques, mas o então corregedor-geral determinou o arquivamento parcial da apuração.

Também estão no alvo das buscas o ex-diretor de Operações Djairlon Moura e o ex-diretor de Inteligência da PRF, com nome ainda não revelado.

Silvinei deve retornar à CPMI após mentir de forma descarada

Em entrevista concedida logo após a prisão, a relatora da CPMI do Golpe, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), declarou que proporá ao colegiado que Silvinei Vasques compareça novamente para esclarecer divergências encontradas em seus depoimentos.

“Quando o Silvinei esteve aqui na comissão, ele mentiu de uma forma escancarada em várias linhas. Tivemos, aliás, vários pontos que conseguimos comprovar, inclusive no momento da oitiva dele, que ele estava mentindo. Hoje, partir desta prisão, está clara a necessidade de reconvocação”, apontou a senadora.

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