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PT no Senado exalta democracia e repudia golpe

Nos 58 anos do início da ditadura militar, sentimento da bancada foi sintetizado pelo líder Paulo Rocha: "A democracia é inegociável"
PT no Senado exalta democracia e repudia golpe

Foto: Memorial da Democracia

“A democracia é inegociável.” A frase do líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), resume o sentimento dos senadores do partido neste 31 de Março, nos 58 anos do golpe de 1964 que deu início a 21 anos de ditadura militar e mergulhou o Brasil num período tenebroso de restrição de liberdade, censura, prisão política, tortura e mortes.

Esse sentimento de repulsa da bancada e de todos os que defendem a democracia foi reforçado nesta quarta-feira após a divulgação de uma nota pelo ministro da Defesa, general Braga Netto. A mensagem distópica chama o golpe de “movimento” e de “marco histórico da evolução da política brasileira”, que serviu para “impedir que um regime totalitário fosse implantado” e que trouxe “estabilização, segurança, paz e fortalecimento da democracia”.

“As ameaças a direitos e à democracia do boquirroto que ocupa a Presidência da República tem uma origem, um fio histórico ligado a 31 de março de 1964. O povo brasileiro não vai permitir que essa ‘página infeliz da nossa história’ se repita”, afirmou Paulo Rocha. “O país não tolerará novos golpes contra a liberdade da imprensa e do povo. Não há nada mais que possa se sentir do período da ditadura no Brasil do que ódio e nojo”, completou, numa referência à célebre frase de Ulysses Guimarães na sessão de promulgação da Constituição de 1988.

Outro trecho do mesmo discurso foi citado por Humberto Costa (PT-PE), presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH). “A ditadura deixou um rastro de sangue e silêncio no Brasil. E é com tristeza que relembramos esse cruel momento da nossa história para que ele nunca mais se repita! ‘Traidor da Constituição é traidor da pátria’, disse Ulysses Guimarães”, disse Humberto.

Para o senador Fabiano Contarato (PT-ES), vice-presidente da CDH, a “comemoração” da data pelo governo é repugnante. “Qualquer tipo de exaltação a um governo que matou, torturou, sequestrou e acabou com a dignidade de tantos seres humanos é inaceitável! A ditadura precisa ser lembrada com um único propósito: o de NUNCA MAIS voltar a acontecer. Nossa democracia é o bem mais valioso que temos”, declarou.

Na mesma linha se manifestou Rogério Carvalho (PT-SE). “O golpe de 64 deu início a um período sombrio de nossa história, com um regime autoritário que censurou, que matou e que torturou. A democracia é o caminho. Ditadura nunca mais!”, afirmou, repetindo a expressão que dominou as redes sociais nesta quinta-feira.

O senador Paulo Paim (PT-RS) homenageou todos os que morreram no combate ao autoritarismo. “A história não mente e está cravada nas cicatrizes de quem viveu em tempos de ditaduras. Muitos tombaram pela democracia e pela liberdade. O nosso dever é fazer a boa luta para que isso nunca mais aconteça. A democracia é um poderoso instrumento de dignidade, de respeito aos direitos humanos, de justiça social. Ela propicia uma sociedade civil mais forte e uma estrutura política cada vez mais sólida e amadurecida, com mais diálogo e  participação popular”, afirmou.

Por sua vez, Jaques Wagner (PT-BA) publicou artigo em que relaciona a reação ao golpe pela juventude nos anos 60 e a força dos jovens de hoje, que responderam à altura à tentativa de censura durante um festival de música, no último fim de semana.

Para ele, o golpe foi marcado pelo “rompimento democrático e por graves violações de direitos humanos” e levou o país a um período de “cerceamento das liberdades e perseguições, mas que encontrou na juventude a força da resistência”.

“É curioso e irônico que, depois de tanto tempo, ainda tenhamos que conviver com a censura, como vimos na decisão de um ministro do TSE que proibiu manifestações políticas no festival Lollapalooza. Já revogada, a medida tentava calar a arte e o público de um evento majoritariamente frequentado por jovens. Com efeito contrário, as ameaças potencializaram os posicionamentos contra o atual governo e em defesa da liberdade de expressão. Como entusiasta da renovação na política, defendo que a força e o espírito questionador da juventude são indispensáveis para a prosperidade e o crescimento do Brasil”, escreveu Jaques.

Humberto Costa lembrou também que os jovens foram o principal alvo da perseguição da ditadura. “Eles mataram os jovens! Levantamento realizado pela jornalista Cynara Menezes mostrou que 56% dos mortos na ditadura tinham menos de 30 anos”, citou, ao lado de uma foto do estudante Edson Luís, de 18 anos, o primeiro jovem morto pela ditadura, episódio-chave para a resistência ao golpe.

O senador mencionou ainda o fim da liberdade de expressão durante a ditadura, ao contrário do que diz a nota do governo Bolsonaro. “Precisamos lembrar das vozes silenciadas, dos artistas censurados, dos milhares de brasileiros torturados e mortos apenas por dizerem o que pensam por e defenderem a democracia”, afirmou.

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